DAVOS, SUIÇA (FOLHAPRESS) - A criação de uma rede colaborativa com mais de 70 organizações em 14 países para monitorar o uso da terra, promover gestão sustentável de recursos naturais e combater mudanças climáticas levou o brasileiro Tasso Azevedo, 51, a ser reconhecido entre os Inovadores Sociais do Ano em Davos, na Suíça.
Cofundador e coordenador do MapBiomas, o engenheiro florestal é uma das 16 lideranças socioambientais premiadas pela abordagem inovadora e pelo potencial de impacto global em cerimônia nesta terça-feira (17) no Fórum Econômico Mundial.
"Os Inovadores Sociais de 2023 representam uma geração de líderes de mudança social e ambiental que demonstram que modelos inovadores de cooperação e atuação inter-setorial são essenciais para avançarmos diante dos complexos desafios que enfrentamos", disse Hilde Schwab, presidente da Fundação Schwab, ao anunciar os premiados.
A premiação reconhece empreendedores sociais, gestores do setor público, líderes corporativos e pensadores em quatro categorias. A novidade em 2023 é a categoria Inovação Social Coletiva, na qual foi laureado Azevedo, também cotado para o futuro cargo de Autoridade Climática, uma das novidades da nova gestão de Marina Silva (Rede), no Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática.
"Essa premiação vai nos ajudar a ganhar ainda credibilidade para ampliar a nossa atuação para além dos 14 países onde redes locais parceiras já monitoram as transformações e o uso do solo", afirma Azevedo, finalista do Prêmio Empreendedor Social 2022, realizado há 18 anos pela Folha de S.Paulo em parceria com a Schwab. "Esperamos chegar especialmente à África."
Para Azevedo, a premiação em Davos é ainda mais especial pelo fato de ser também a primeira vez que se reconhece impacto coletivo em uma categoria específica. "É exatamente o que é o MapBiomas, desenhado como uma rede colaborativa para gerar impacto."
Além do brasileiro, a lista de Inovadores Sociais de 2023 inclui um nigeriano que apoia pequenos agricultores a aumentar os lucros e a transformar jovens em risco em empreendedores e um pioneiro na "contratação aberta" em Nova York, que ajuda desempregados a encontrar trabalho sem barreiras como verificação de antecedentes e apresentação de currículos.
"Problemas complexos não podem ser resolvidos por organizações isoladas. Os premiados deste ano mostram novos modelos de colaboração entre setores usando tecnologia inovadora, recursos e conhecimentos compartilhados", avalia François Bonnici, diretor-executivo da Schwab e chefe inovação social do Fórum Econômico Mundial.
"Muitos inovadores sociais têm uma longa história de trabalho em colaboração, mas a ambição agora é criar uma mudança sistêmica por meio de esforços coletivos", completa.
Os escolhidos pelos membros do conselho da Fundação Schwab vão se juntar a uma comunidade de mais de 450 empreendedores sociais globais que impactaram a vida de quase 1 bilhão de pessoas em 190 países.
O comitê de seleção da Schwab inclui Helle Thorning-Schmidt, ex-primeira-ministra da Dinamarca, a rainha Mathilde da Bélgica e a especialista em inovação social Johanna Mair, professora na Hertie School of Governance na Alemanha.
A reunião anual em Davos deste ano marca o 25º aniversário da fundação focada em empreendedorismo social criada em 1998 por Hilde Schwab, juntamente com seu marido Klaus Schwab, presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial.
Desde 2005, a Folha de S.Paulo indica os brasileiros que vão ser submetidos ao conselho da Fundação Schwab para integrar a rede internacional, escolhidos entre premiados e finalistas do Prêmio Empreendedor Social.
Neste ano, a Schwab também reconhece o trabalho de Mariano Cenamo, um dos vencedores do Empreendedor 2022 na categoria Inovação em Meio Ambiente, à frente do Idesam (Instituto de Desenvolvimento da Amazônia).
O brasileiro foi selecionado para curso "Liderança para Mudança Sistêmica: Promovendo Impacto Social em Escala" na Harvard Kennedy School.
"É uma oportunidade incrível estar numa universidade de referência e poder interagir com outros empreendedores sociais", diz Cenamo. "Espero trazer soluções inspiradas em outras realidades e fazer novas conexões para construir uma nova economia na Amazônia, que é a nossa missão."
O curso no campus de Harvard em Cambridge, nos Estados Unidos, será de 18 a 25 de março, com todos os curtos cobertos pela Schwab, com o patrocínio da Motsepe Foundation e David Rubeinstein.
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