SALVADOR, BA; BELO HORIZONTE, MG; RECIFE, PE; E RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O Carnaval de 2023, que será retomado em sua data habitual depois de dois anos de interrupções devido à pandemia de Covid-19, contará no país com recorde de blocos, expansão de palcos, cachês mais generosos a artistas locais e repaginação no desfile de escolas de samba de grupos inferiores.

A retomada já ocorre nas ruas de Salvador, por exemplo, com os ensaios de verão de segunda a segunda que incluem blocos afros como o Ilê Aiyê, Cortejo Afro e Olodum e, também, ícones do pagode baiano como Xanddy Harmonia e Léo Santana.

A um mês da folia oficial, a festa também é visível em Belo Horizonte, que projeta 473 blocos nas ruas (20 a mais que o último Carnaval), em Recife, que adotou uma série de melhorias para a folia deste ano, e no Rio, onde foram anunciados investimentos nos grupos de acesso das escolas.

Em Salvador, o espírito carnavalesco represado desde 2020 voltará às ruas em fevereiro com sete dias de festa na programação oficial, mais três dias de pré-Carnaval na semana que antecede a festa.

Mesmo na Lavagem do Bonfim, em que trios elétricos são proibidos de desfilar desde 1998, já havia clima de Carnaval, com carros de som tocando em looping os clássicos do axé e com bloquinhos informais em meio à festa religiosa.

A abertura oficial do Carnaval acontece na quinta-feira, 16 de fevereiro, com a entrega das chaves da cidade para o Rio Momo seguida de um trio elétrico comandado por Ivete Sangalo, que desfilará sem cordas, aberto ao público.

"Não tenho dúvida de que será o maior Carnaval de todos os tempos. A cidade está cheia de turistas e já vive um aquecimento desta que é a maior festa de rua do planeta", disse o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil).

No Pelourinho, a festa vai homenagear Moraes Moreira, primeiro artista a cantar em cima de um trio elétrico na Bahia e que morreu em abril de 2020, dois meses após seu último Carnaval.

Já em Belo Horizonte, a sala de um antigo cinema desativado na zona leste de Belo Horizonte reverbera o som de bumbos, cuícas e tamborins às noites de terça-feira na capital mineira.

A toada vem de 80 ritmistas do Unidos do Samba Queixinho, 1 dos 473 blocos que se preparam para o Carnaval 2023. O número é superior ao de 2020, quando 453 blocos desfilaram.

"Este Carnaval será maravilhoso. As pessoas estão empolgadas", afirma Glauco Tavares, produtor do Queixinho.

A Belotur (Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte), na projeção geral, estima que 5 milhões de pessoas participem do Carnaval na cidade neste ano, incluindo os eventos pré-folia oficial, a partir de 4 de fevereiro. Em 2020, foram 4,4 milhões.

A Prefeitura do Recife, por sua vez, deverá expandir o número de locais com palco em 2023, com cerca de 40 locais.

Em relação aos artistas locais, a gestão anunciou um aumento proporcional conforme as faixas de pagamento. Para artistas que recebem até R$ 10 mil, por exemplo, o reajuste será de 40% dos cachês em 2023 e de 10% em 2024.

O Carnaval do Recife começa oficialmente na sexta-feira, dia 17, porém a grande abertura é considerada no sábado de Zé Pereira, dia 18, com o desfile do Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco do mundo.

A alegoria do Galo da Madrugada, que fica posicionada na ponte Duarte Coelho, uma das mais movimentadas do Recife durante o Carnaval, é um mistério. O Galo seguirá a tradição de dar maior peso aos artistas locais, mas também recebendo cantores nacionais.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, é uma das cotadas para participar do bloco em 2023.

"Privilegiar e fortalecer o artista local fazem parte da política do Galo. Eles podem, junto com o bloco, convidar artistas de qualquer parte do Brasil. Isso é bom porque atrai pessoas para conhecer o Carnaval de Pernambuco", disse o presidente do Galo, Rômulo Meneses.

Neste ano, o Galo vai homenagear os cem anos do seu fundador, Enéas Freire, que aconteceu em 2021, quando o bloco não pode desfilar em razão da pandemia. O tema será Viva a vida, viva o frevo, viva Enéas.

Em Olinda, a programação oficial será divulgada nesta quinta-feira (19). No entanto, as prévias carnavalescas já agitam os finais de semana da cidade patrimônio histórico e cultural da humanidade.

Aos sábados e domingos, sobretudo durante o dia, blocos e troças já têm realizado os desfiles.

Após dois anos seguidos sem folia, a expectativa dos vendedores ambulantes também é grande no Carnaval da cidade.

"A gente já está sofrendo para pagar as contas. É a chance de ganhar um trocado a mais e também se divertir no meio do povo, é um pouco de trabalho e de alegria", diz Elaine Batista, 52, vendedora de bebidas que atua no bairro do Carmo, um dos mais movimentados de Olinda no período da folia.

Enquanto isso, no Rio foi anunciado um novo local para desfiles das escolas de samba do grupo de avaliação e das séries Prata e Bronze (antigos grupos de acesso C, D e E).

A festa, batizada de Nova Intendente, ocorrerá na avenida Ernani Cardoso, na zona norte, com cinco dias de desfile e uma data exclusiva para blocos de rua.

A organização espera, no total, cerca de 200 mil pessoas na nova estrutura. As escolas desfilarão numa passarela de 400 metros de extensão e oito metros de largura, o que permitirá carros alegóricos de dimensões maiores. As arquibancadas mais que dobraram de tamanho, comportando agora 5.000 foliões.

O projeto também promete ter a mesma qualidade de som e iluminação dos desfiles do grupo principal, realizados na Marquês de Sapucaí.

A volta do Carnaval de rua do Rio de Janeiro contará, no total, com 445 desfiles de blocos autorizados, que farão a folia em 86 bairros da capital. Assim como em Belo Horizonte, serão mais desfiles que no Carnaval de 2020 -naquele ano, o Rio teve 427 desfiles.

Os blocos sairão às ruas já a partir deste sábado (21) e há cortejos previstos para até 26 de fevereiro.


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