SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, declarou nesta sexta (27) que o déficit de policiais no estado é um empecilho no combate ao crime. Derrite comentava o aumento de roubos e furtos e a onda de arrastões na região central da cidade de São Paulo, que teve ao menos três casos em duas semanas.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a Polícia Militar paulista tem hoje seu menor efetivo no século, com 80.137 homens e mulheres. O problema se repete na Polícia Civil e na Polícia Técnico-Científica, que têm defasagem de cerca de 33% e 25% em seus quadros respectivamente, segundo o secretário.

"Com a defasagem de efetivo, a gente ainda não consegue fazer com que esses crimes cessem de uma hora para outra", disse Derrite.

Enquanto não chegarem novos policiais à corporação, a PM terá de tirar efetivo de alguns locais para reforçar o patrulhamento nas áreas com maiores índices criminais. "Quando falamos que vamos aumentar o policiamento, a Polícia Militar tem mecanismos e estratégias para verificar as manchas criminais e deslocar policiamento que, em tese, normalmente não iria para para lá, por exemplo na região de Santa Cecília para coibir esses delitos", disse o secretário.

Ao comentar as estatísticas criminais do estado, com aumento de roubos e latrocínios, Derrite adiantou números parciais de produtividade policial do mês de janeiro. Ele comparou a média de produtividade de todo o ano de 2022 com os dados de janeiro deste ano, o que contraria a metodologia usada por especialistas e pela própria secretaria para indicar mudanças de tendência nos índices criminais -é recomendado que se compare exatamente o mesmo período de anos diferentes.

Segundo Derrite, a média de prisões foi de 340 para 472 por dia, as apreensões diárias de armas subiram de 25 para 40, e os distantes aumentaram de uma média de 222 para 256 ao dia.

Ele diz que o aumento de prisões e apreensões deve resultar na queda da criminalidade nos próximos meses. O secretário também destacou um contraste da motivação dos policiais nas gestões Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB).

"O policial que está ali motivado para trabalhar e com uma expectativa muito grande, porque essa é a expectativa dos policiais com o novo governo, com a nossa gestão, e isso tem um reflexo imediato e é isso que estamos vendo com a produtividade policial", disse.

"Esse aumento de roubos, que fica um pouco mais exacerbado na capital, é reflexo de inúmeros fatores, mas eu não estou aqui para apontar o que aconteceu na gestão anterior, esses números são de dezembro de 2022. Nós estamos aqui para falar o que estamos fazendo."

O secretário já apresentou um plano emergencial de recomposição das polícias para conter a crise de efetivo. Entre as propostas está a realização de mais de um curso de formação ao mesmo tempo para a PM.

A ideia não é simples, pois as turmas da corporação tradicionalmente são formadas na capital. A secretaria estuda abrir turmas paralelas no interior. Esse plano precisa ser aprovado pelo governador.

A PM tem atualmente tem 878 PMs em formação e há um concurso aberto com 2.939 vagas para a Polícia Civil.

SEQUESTROS

Derrite anuciou que a pasta vai consultar especialistas, empresas de aplicativos de celular e bancos para elaborar uma estratégia de combate à extorsão mediante sequestro. Na cidade de São Paulo, de janeiro a dezembro do ano passado, foram contabilizadas 44 ocorrências do tipo, ante 19 casos em 2021. Em 2019, ano pré-pandemia de Covid, houve quatro.

No restante do estado, o número de casos de extorsão mediante sequestro também cresceu. Foram 12 no ano passado inteiro, o triplo em comparação a 2021. Em 2019, houve sete.

O aumento nos casos, segundo especialistas, pode estar ligado a dois fatores: bandidos especializados em transações bancárias e criminosos que se utilizam de aplicativos de namoro para aplicar golpes.

A ideia do secretário é instituir um grupo de trabalho que vai ouvir o que plataformas virtuais e bancos já têm feito quando esses crimes são cometidos. Derrite diz que providências contra esses casos estavam sendo tomadas de forma descentralizada, muitas vezes em situações em que representantes de banco e delegados se conheciam e cooperavam informalmente.

"É importante ressaltar que, em boa parte desses delitos, a própria vítima acaba se colocando em situação de vulnerabilidade, porque um percentual muito grande dos sequestros via Pix acontecem por aplicativos ou sites de relacionamento", afirmou o secretário.


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