RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Um homem apontado como chefe do tráfico e mais dois criminosos classificados como de alta periculosidade fugiram na madrugada deste domingo (29) do Complexo de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, usando uma corda feita com lençóis.

Um dos fugitivos é Jean Carlos Nascimento dos Santos, 37, o Jean do 18, antigo chefe do tráfico do Morro do Dezoito, na Água Santa, na zona norte. Segundo a polícia, ele comandou uma invasão ao Fórum de Bangu em 2013 e mandou matar o próprio advogado em 2016.

Até ser preso, em 2017, Santos tinha um histórico de mais de 15 tipos de crimes, de acordo com o portal Procurados, do Disque-Denúncia, que passou a oferecer R$ 2.000 a quem tiver informações sobre os foragidos.

Ele nasceu no Morro do Urubu, também na zona norte, e começou praticando assaltos na região. Depois, chefiou o tráfico de drogas também na favela Novo México, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio.

Os outros dois homens que se evadiram são Marcelo de Almeida Farias Sterque, o Marcelinho da Merindiba, 40, e Lucas Apostólico da Conceição, o Índio do Jardim Novo, 28.

Sterque saiu da prisão em novembro de 2015 para tentar matar uma mulher de 31 anos e voltou para a cela com a ajuda de agentes penitenciários. Ele atirou 13 vezes, mas ela sobreviveu e o reconheceu como autor dos disparos em depoimento à polícia, ainda segundo o portal Procurados.

Já Apostólico da Conceição faz parte da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) e foi preso em 2014 junto com Átila Silva Tavares, 34, apelidado de Quinzinho e apontado na época como o maior receptador de veículos de carros roubados de bairros da zona oeste.

A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), do governo Cláudio Castro (PL), afirmou que está apurando a fuga, ocorrida pelos fundos da Penitenciária Lemos Brito, que fica dentro no Complexo de Gericinó. A secretária Maria Rosa Lo Duca Nebel passou o dia na unidade para acompanhar as perícias.

Fotos do local mostram que os criminosos fizeram uma espécie de escada com paus e uma teresa, uma corda formada por lençóis torcidos usada para fugir de cadeias. Eles a penduraram no muro, que dá num lixão.

As câmeras e os agentes da unidade não flagraram nem interceptaram a ação. Em nota, a pasta disse que, "no momento da fuga, ocorrida por volta das 3h, sete inspetores da Polícia Penal estavam de plantão". Eles foram afastados.

Conforme o relato desses plantonistas, "uma forte chuva à noite causou uma queda no fornecimento de energia -restabelecido posteriormente por meio de gerador-, o que, segundo eles, pode ter afetado o sistema de monitoramento, que não registrou o momento da fuga".

Para a secretária, isso não justifica o que ocorreu, nem o baixo número de agentes penitenciários.

"Choveu? Tem que redobrar a vigilância", afirmou ela ao Bom Dia Rio, da TV Globo, nesta segunda (30). "Todos os presos estavam trancados e os postos estratégicos deveriam estar cobertos. E dava para estarem cobertos. O fato de termos só 7 policiais para 700 e poucos presos não justifica o fato."

De acordo com ela, a prisão tem capacidade para 515 detentos, mas neste domingo estava com 763. Após a fuga, 15 deles foram transferidos para Bangu 1, conhecido como local de "castigo", e nove agentes penitenciários estão na unidade.

Maria Rosa Nebel disse também que ainda não conseguiu recuperar as imagens, mas as câmeras estão sendo periciadas. "Todos os sete policiais penais foram ouvidos ontem pela nossa Corregedoria e encaminhados à Polícia Judiciária para que sejam ouvidos de novo", declarou.

Na tarde de domingo, a Divisão de Recaptura (Recap) da Polícia Penal realizou buscas. A equipe fez uma ação junto à Polícia Militar na Vila Vintém, na zona oeste carioca, "na verificação de possíveis locais onde estariam foragidos do sistema penitenciário", segundo a PM.

De acordo com a versão da corporação, homens atiraram contra os agentes e, após o tiroteio, um indivíduo foi encontrado ferido e socorrido ao Hospital Municipal Albert Schweitzer. Foram apreendidos uma submetralhadora, carregadores, munições e entorpecentes.

O caso foi encaminhado à 34ª delegacia (Bangu), que também investiga as fugas. A Polícia Civil informou que "a perícia foi realizada no local, funcionários estão sendo ouvidos e diligências seguem para esclarecer todos os fatos".

A reportagem solicitou entrevista com a secretária, mas não recebeu resposta.


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