SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O novo comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Cássio Araújo de Freitas, disse na tarde desta sexta-feira (3) que o maior problema da corporação é o tamanho do atual efetivo ?segundo ele, insuficiente para atender todas as demandas existentes.

"O número de policiais caiu muito. Em termos de número absoluto, você tem ali perto da casa dos 79 mil, 80 mil homens. No entanto, para nossa demanda, não é o suficiente. Nós precisamos avançar nisso", disse após a cerimônia oficial de passagem de comando.

O efetivo atual da PM é de 79.943. É o menor número desde 1996, no governo Márcio Covas (PSDB), quando o estado tinha 77.374 agentes.

Na época, porém, a população paulista era estimada em 34 milhões de habitantes, a 11 milhões a menos do que hoje. O maior efetivo da corporação foi registrado em 2006, quando ela chegou a ter um quadro de 90.697 PMs, incluindo o Corpo de Bombeiros.

Ainda conforme o comandante, escolhido pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), a falta de efetivo impacta diretamente nas estatísticas criminais.

"Quando você tem alguma área com uma diminuição de policiamento, imediatamente isso se reflete nos indicadores. É isso que a gente que evitar. [...] O marginal tem a percepção muito clara quando você tem alguma falta de policiamento. Nós estamos em torno aí de 15% a 17% a menos de policiais na atividade fim, isso tem dado um certo impacto."

Em 2022, tanto o estado quanto a capital viram as estatísticas de roubos e furto dispararem. A cidade de São Paulo superou sua série histórica. No estado, foram 564.940 ocorrências de furto no ano passado, contra os 470.200 casos registrados em 2021, alta de 20%. Já os roubos, foram 245.900 registros em 2022, ante 225.706 no período anterior, alta de 9% e número mais alto da série histórica.

Para o novo comandante-geral, a alta pode ter ligação com a falta de efetivo, embora a corporação venha trabalhando para evitar a falta de policiais nas ruas.

"Nós esperamos que agora, no mês de janeiro, por conta dessas novas operações, dessa nova dinâmica, escolha mais aperfeiçoada dos horários, escolha mais aperfeiçoada dos pontos de situação, nós estamos esperando também pela melhoria dos indicadores", disse.

Coronel Cássio, como é conhecido na corporação, disse que a PM preparou um pacote de medidas para tentar atrair candidatos qualificados. As propostas foram encaminhadas para o governo paulista que, segundo ele, deve analisá-las.

"Esse pacote prevê é uma série de situações para que nós possamos atrair talentos para instituição. Como qualquer instituição, como qualquer empresa, você precisa atrair talentos", disse ele.

A PM tem encontrado dificuldade para preencher as vagas de concurso. Há uma série de interessados, mas nem todos conseguem ser aprovados nas várias etapas de seleção. Em 2022, por exemplo, das 2.700 vagas criadas, apenas 800 foram preenchidas.

Cássio diz que esse pacote não prevê mudança nos critérios de escolha ou preparação dos PMs. "Nós não vamos mexer no nível dos nossos concursos. Isso é muito importante. Porque mexer no nível do concurso significa ter lá na a ponta da linha um profissional que não é o profissional que a gente espera."


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