SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio de Almeida, voltou atrás após ter nomeado o babalorixá e pesquisador Sidnei Nogueira para assumir a Coordenação-Geral de Liberdade Religiosa, vinculada à pasta.

A indicação foi publicada no Diário Oficial da União na última quarta-feira (8). Dois dias depois, porém, uma nova portaria tornou a nomeação sem efeito.

O babalorixá diz que não estava à espera da mudança. "Fui surpreendido com o comunicado de que seria 'desnomeado' para o cargo, por motivos alheios à minha vontade e desconhecidos por mim", afirma ele à reportagem.

O líder religioso chegou celebrar a novidade e disse que a indicação havia sido acertada com um mês de antecedência. Procurado, o ministério diz que "tinha erro com relação à nomenclatura do cargo" e, por isso, a portaria foi tornada sem efeito.

"Logo que finalizada a correção, nova portaria será publicada com a nomeação no cargo correspondente", segue o comunicado.

Já Nogueira afirma que a pasta agora ofereceu "um cargo inferior [ao previamente acordado, de coordenador]" e que não pretende aceitar a oferta. "Está aquém da minha formação e da minha carreira atual. E o novo cargo impossibilita a minha mudança para Brasília."

O babalorixá é doutor em semiótica e autor do livro "Intolerância Religiosa" (editora Jandaíra, 2020).

Ele diz que seguirá "em defesa do diálogo interreligioso e contra o racismo religioso como sempre fiz". E finaliza: "Aceitei o convite porque entendia que tinham, em meu nome, formação técnica e história adequadas".

O babalorixá já criticou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro quando a mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma fala contra religiões de matriz africana durante as eleições de 2022.

Michelle compartilhou uma publicação que afirmava que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "entregou sua alma para vencer essa eleição". O texto era acompanhado por um vídeo que exibia encontros do petista com lideranças de religiões de matriz africana.

Sidnei Nogueira classificou a atitude como irresponsável. "É uma personalidade com prestígio, com legitimidade, com a voz expandida. Não é qualquer pessoa. É uma pessoa associada ao Poder Executivo", afirmou ele à coluna Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, naquela época.


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