SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O degelo no mar antártico atingiu um novo recorde, de acordo com cientistas do National Snow and Ice Data Center, da Universidade de Colorado Boulder (EUA). No último dia 13, a extensão do gelo marinho na Antártida caiu para 1,91 milhão de km², ficando abaixo do recorde anterior de 1,92 milhão de km², estabelecido em 25 de fevereiro do ano passado.
Como o mínimo anual costuma ocorrer entre 18 de fevereiro e 3 de março, espera-se que esse índice caia ainda mais em 2023.
Grande parte da costa antártica não tem gelo, o que expõe as plataformas de gelo que margeiam o continente à ação das ondas e às condições mais quentes. Este é o segundo ano em que a extensão do gelo no mar antártico fica abaixo de 2 milhões de km², um recorde em mais de quatro décadas de medições.
Os pesquisadores apontam que, desde o começo do verão, os níveis de gelo têm ficado bem abaixo da média e dos recordes do ano passado. "As condições climáticas trouxeram ar quente para a região em ambos os lados da Península Antártica", explicam. Isso fez com que o gelo derretesse quase completamente tanto na porção sudoeste quanto no leste da costa antártica.
Os cientistas também pontuam que a extensão do gelo do mar antártico tem sido altamente variável ao longo dos últimos anos. Ainda que 2022 e 2023 tenham tido uma extensão mínima recorde, quatro dos cinco menores níveis de degelo ocorreram nos últimos 15 anos.
Ainda assim, o declínio acentuado na extensão do gelo marinho desde 2016 tem sido o foco de pesquisas que investigam se a perda de gelo marinho no hemisfério Sul está desenvolvendo uma tendência de queda significativa.
Em outra frente, dois estudos publicados nesta quarta-feira (15) na revista Nature analisam a integridade da geleira Thwaites, apelidada de "geleira do fim do mundo".
Essa massa de gelo tem tamanho equivalente à Grã-Bretanha e tem ficado cada vez mais instável. Se derreter, ela tem o potencial de elevar -sozinha- em até 65 cm o nível do mar. Desde a revolução industrial, o mar elevou-se cerca de 18 cm.
O estudo foi feito usando um equipamento para observar, sob o gelo, o ponto onde a geleira deixa de se apoiar sobre o continente e passa a flutuar no mar. É a retração dessa linha que indica quanto gelo e água doce já foram despejados no mar pela geleira. Desde o final dos anos 1990, ela já retrocedeu 14 km.
Os pesquisadores descobriram que as taxas de derretimento na base da geleira vão de 2 a 5,4 metros ao ano, muito menos que os 14 a 32 metros estimados por modelos matemáticos.
Apesar disso, também observaram que áreas sob o gelo onde havia rachaduras e estruturas íngremes derretem mais rápido, comprometendo a integridade e fazendo continuar a retração acelerada da geleira.
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