RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - Pouco depois das 17h30, as luzes das ruas do Centro Histórico do Recife subitamente ligaram. A multidão, em festa, comemorou feito um gol. Na capital pernambucana, o domingo de Carnaval se iniciava com uma explosão de ritmos, danças e cores: os caboclinhos, na praça do Arsenal, as escolas de samba no Marco Zero e o maracatu à beira do rio Capibaribe.

Mais conhecido pelo frevo, o Carnaval do Recife abriga diversos gêneros musicais. A cada rua, um novo ritmo pode ser ouvido e dançado. Historicamente, o samba, tão importante em cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo, tem uma presença lateral na festa pernambucana.

Abrindo mais um dia de shows no Marco Zero, as escolas de samba do Recife se uniram em uma apresentação de importância histórica. "Aqui não tem passarela do samba, ainda desfilamos na rua, sempre botam a nossa arte num lugar inferior", diz Luan do Nascimento, de 21 anos, que toca malacacheta, uma espécie de tambor, na bateria da Engenheiros do Samba.

Em 2023, a escola completa 80 anos, reverenciando, em seu enredo, a própria história de seus desfiles. No Recife, as agremiações desfilam na rua João Lira, no bairro de Santo Amaro. Entre as escolas que também se apresentaram no fim desta tarde, estavam a Anarquistas do Bole Bole e a Pérola do Samba.

A poucos metros dali, desfilava o Maracatu Várzea do Recife, às margens do rio Capibaribe. Rei e rainha seguravam um estandarte vermelho, marcando o ritmo do maracatu e aquele desfile lento, um vai e volta, seguido por centenas de pessoas.

O estudante de cinema Eduardo Gomes, de 21 anos, havia chegado dos blocos de Olinda, onde pulou Carnaval o dia todo. Agora, estava no Centro Histórico, aguardando o show da cantora Marina Sena, na Praça do Arsenal. "O maracatu é um ritmo muito especial para mim, simboliza como nosso Carnaval aqui de Pernambuco é democrático, porque todo mundo consegue dançar maracatu", ele afirma, enquanto a nação passava pela estátua de Chico Science, principal nome do movimento manguebeat.

Já na Praça do Arsenal, subiram ao palco diversos caboclinhos, como os Carijós de Goiânia. Menos conhecida em outras regiões do país, caboclinhos é uma das danças populares mais antigas do Brasil. Grupos fantasiados de indígenas, com cocares, penas e plumas, bailam ao som de maracas, flautas e surdos.

É uma dança dramática de representação histórica, relacionada aos povos indígenas. "Sempre venho assistir aos caboclinhos, o carnaval do Recife é o melhor que tem, uma riqueza única de ritmos e danças, está no sangue do nosso povo", diz a assistente social Evilzia Costa, que pulava Carnaval ao lado de sua neta.

Para a noite deste domingo, a programação do Marco Zero, principal palco do Carnaval do Recife, vai privilegiar o samba, com shows da cantora Maria Rita e dos grupos Sorriso Maroto e Fundo de Quintal.


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