RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Com fantasia homenageando Carmen Miranda, a funkeira Anitta levou milhares de pessoas ao centro do Rio de Janeiro para curtir um Carnaval estendido na manhã deste sábado (25). "É rave!", decretou, antes do refrão da música que abriu a apresentação, "Rave de Favela".

"Hoje, na cidade maravilhosa, só podia ser ela, minha guerreira maior: Carmen Miranda", escreveu Anitta em suas redes sociais antes da apresentação. Seu bloco é o penúltimo dos chamados megablocos a desfilar no Carnaval carioca -neste domingo (26) ainda tem o desfile do Monobloco.

A expectativa é atrair 100 mil foliões para o centro da cidade, mas, por volta das 9h, o público não preenchia tanto as ruas quanto outros megablocos deste Carnaval, como o Cordão do Bola Preta e o Fervo da Lud (da cantora Ludmilla), que abriram e fecharam os dias oficiais da folia.

O cenário, porém, não desanimava os comerciantes. Empresário da indústria têxtil, Anderson Macedo, 28, há anos aproveita a festa para garantir uma renda extra. Só neste Carnaval já lucrou uns R$ 4.500 e espera ultrapassar os R$ 5.000 nesses dois dias de megablocos

"Muita gente na rua consumindo, né? [Carnaval] traz uma renda para quem tem disposição para trabalhar", diz ele.

Sheyla Vieira, 54, que normalmente trabalha como doméstica, também conta com o Carnaval estendido para garantir um bom começo de ano. Com um investimento de R$ 600, ela já lucrou R$ 1.000 nos quatro dias oficiais de folia. Espera dobrar o valor até domingo.

Entre os foliões, o ânimo daqueles que saíram de casa para curtir os últimos momentos do Carnaval 2023 segue vivo, mas sem tanto fôlego. Fantasias são raras e cada vez menos elaboradas.

Rodolfo Prado, 28, é uma das pouquíssimas exceções no quesito fantasia. Com uma máscara do sobrinho, luvas recém-compradas, vestido da namorada e roupa de lycra verde que utilizava para cosplays de Rock Lee (personagem de Naruto), o folião se fantasiou de Cuca, personagem do Sítio do Pica-Pau Amarelo.

"A gente só tem esse momento de diversão uma vez no ano. Não pode deixar o cansaço vencer", justifica ele. Mas adverte ser contra estender o período para além desses sete dias. "Para mim, tá bom. Sete dias são suficientes, não mais que isso."

A enfermeira Janaina Emidio, 47, por outro lado, se pudesse, pulava mais dias. Acompanhada da filha, ela explica que só parou para descansar na quarta-feira. "Minha energia para Carnaval vem da alegria de viver. A vida é muito boa", relata ela.

O bloco contou com a participação do astro pop internacional Jason Derulo, que cantou seu hit de maior sucesso, "Wiggle", e do trapper WIU, nome forte da cena de Fortaleza, que tocou o hit "Felina".

Durante o desfile, Anitta parou sua apresentação em quatro ocasiões: dias para relatar roubos, uma para anunciar que encontraram uma carteira de um folião e a quarta, para anunciar uma criança perdida.

Os amigos Victor Gabriel, 21, e Adryel Christian, 20, tiveram as carteiras furtadas no trajeto. "A gente tava curtindo o fervor da festa, mas o pessoal começa a empurra-empurra pegaram [as carteiras] do bolso", relata Victor.

Tchau bolsa térmica?

A ideia é simples: uma mochila revestida por dentro com uma bolsa para líquidos e um canudo acoplado. A mochila de hidratação, como é chamada em sites de venda, tem adesão ainda incipiente entre foliões, mas promete sucesso para festejo popular do ano que vem.

O produto pode ser encontrado na internet com preços variando entre R$ 50 e R$ 3.000, a depender de intenção de uso, nível de conforto almejado, limite de carga e marca do objeto.

Com patente do empresário multimilionário Roger Fawcett, o equipamento é vendido nos EUA desde o princípio dos anos 1990, tendo ganho adesão de esportistas brasileiros nos últimos anos.

Afinal o objetivo é a hidratação, certo?

Bem, não tanto para os foliões cariocas. O mestrando em educação Alberto Henrique, 25, encheu sua mochila, com capacidade para 2L, de vodka misturada com maracujá. Ele teve a ideia junto a um amigo, com quem fez uma compra conjunta: R$ 50 cada.

A mochila alaranjada, explica ele, é confortável e sustenta bem a temperatura da bebida alcoólica. "Bolsa térmica é muito pesada, difícil de carregar", defende o folião segundos antes de dar um gole no canudo.

O militar Bruno Felipe reforça o argumento da praticidade da mochila em detrimento da bolsa térmica: "Melhor, né? Tem hora que cansa levar a bolsa térmica por aí. Eu botei três Ousadias [bebida alcoólica] e vim."

Ele conta que usa uma mochila similar para prática de exercícios e para treinos militares: "É para botar água, né? Mas é Carnaval, então botei bebida aqui."


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