VITÓRIA, ES (UOL/FOLHAPRESS) - Cinco policiais militares foram presos pela morte de um adolescente de 17 anos já rendido, em Pedro Canario (ES), nesta quarta (1) à tarde.
A polícia considerou que os indícios apresentados pela investigação sustentam que os cinco policiais tiveram responsabilidade na execução. Os profissionais de segurança apresentaram versão diferente do crime no boletim de ocorrência oficial. A ação descrita, no entanto, difere do que foi registrado por câmeras de segurança no local do crime.
Quando foi baleado, o adolescente estava rendido e atendia a ordens de um dos PMs, que efetuou os disparos. A vítima foi identificada como Carlos Eduardo Rebouças Barros, suspeito de tráfico e com outras passagens pela polícia.
Foram presos os PMs identificados apenas como Cabo Fernandes, autor dos tiros, Cabo Jordão, Soldado Coutinho, Soldado Teixeira e Soldado Samuel. Os policiais passam por audiência ainda hoje, quando será decidido se eles respondem o crime ainda presos ou em liberdade.
Durante a manhã desta quinta (2) eles passaram por exame de corpo de delito e foram levados ao Quartel do Comando Geral da PM, em Vitória.
O adolescente em questão seria integrante do grupo criminoso "gêmeos". Ele tem envolvimento em nove ocorrências policiais desde 2017 e estaria acompanhado de dois colegas, mas um conseguiu fugir e outro foi detido com um simulacro de arma de fogo, informou o comandante-geral da Polícia Militar, Douglas Caus. Entre os registros estão porte ilegal de arma de fogo, ameaça, posse, uso e tráfico de entorpecentes e tentativa de homicídio.
**DIVERGÊNCIAS NO B.O**
Os policiais envolvidos na ocorrência narraram que o adolescente estaria armado, não teria respondido a ordem de parara e teria trocado tiros com os profissionais. No B.O. oficial, ao qual a reportagem teve acesso, é dito que o Cabo Fernandes teria ido atrás do suspeito e que ele, ao se virar para revista, teria tentado sacar uma arma. "Momento em que para cessar a injusta agressão efetuou dois disparos na direção do indivíduo", descreve o documento.
Os agentes alegaram ainda que tentaram socorrer a vítima via Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não conseguiram e a levaram na viatura até o hospital. "Mas foi informado que o indivíduo não resistiu aos ferimentos e evoluiu para o óbito.
Foram contabilizadas seis perfurações. Uma no ombro esquerdo, uma no direito, uma no braço direito, outra no esquerdo e dois na região abdominal", termina o relato, que difere dos vídeos de câmeras de segurança já em posse da corregedoria da PM.
Os cinco foram ouvidos na sede do 13º Batalhão da PM na cidade de São Mateus (ES) e tiveram as armas recolhidas.
**RELEMBRE O CASO**
Uma câmera de segurança mostrou um jovem rendido, com as mãos para trás e sentado no chão. A PM disse não poder afirmar se o jovem estava algemado.
O adolescente segue ordens do policial, de quem chega perto, volta para a parede e é baleado, antes de cair no chão. Após os disparos, o policial anda normalmente pela rua, um colega aponta para o jovem baleado, o agente se aproxima e as gravações terminam.
Duas viaturas e cinco policiais foram deslocados para atender a uma denúncia que apontava tráfico com pessoas armadas na região, segundo a PM. Os policiais alegaram que houve troca de tiros, e o jovem das filmagens teria sido preso com uma pistola em uma residência -ele teria pulado o muro.
O governador do estado, Renato Casagrande, afirmou ter visto as imagens da "aparente execução" e que a ação não "condiz com o valor da PM".
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