SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morreu nesta quinta-feira (2) o saxofonista e compositor Wayne Shorter aos 89 anos em um hospital de Los Angeles. A informação foi confirmada pelo assessor do músico, Alisse Kingsley, ao jornal The New York Times.

Um dos maiores expoentes do saxofone, Shorter venceu 12 estatuetas do Grammy, além de outros prêmios. O artista iniciou sua carreira nos anos 1960 e participou de grupos como o Art Blakey's Jazz Messengers, Miles Davis's Second Great Quintet e Weather Report.

O músico ainda foi homenageado com o prêmio Polar, classificado no meio como equivalente ao Nobel da música. Na descrição do júri, a música moderna não teria chegado tão fundo se não fossem as explorações do saxofonista.

As colaborações não se restringiram ao jazz, e o saxofonista gravou com nomes como Carlos Santana, Joni Mitchell, Steely Dan e a banda de rock Rolling Stones. Além disso, em 1974 ele trabalhou com Milton Nascimento no disco "Native Dancer", construído durante seu período no Weather Report.

O álbum é admirado desde então por músicos influentes, incluindo o guitarrista Pat Metheny e a vocalista Esperanza Spalding

Nas redes sociais, o cantor Milton Nascimento lamentou a morte do músico. "Wayne Shorter foi -e sempre será- mais do que um parceiro musical. Desde que nos conhecemos, nunca nos separamos.

Em 1975, ele me convidou para gravar o 'Native Dancer', e mudou a minha vida e carreira pra sempre", escreveu.

"No ano passado, quando me apresentei em Los Angeles, ele não conseguiu ir me assistir, pois havia sofrido um acidente doméstico na noite anterior, mas dei um jeito de ir até a sua casa, e tivemos uma tarde linda, digna dos nossos tantos anos de irmandade e história", disse ainda Milton.

Nascido em Newark, Shorter foi muito influenciado na escola, que era a primeira pública do país especializada nas artes visuais e performáticas. Ele iniciou a carreira ainda nos anos 1960, equilibrando as contribuições em outros grupos com a trajetória solo pelas próximas seis décadas.

Como músico individual, ele marcou a história do jazz com composições elogiadas como "Footprints" e "Black Nile", que definiram padrões e remodelaram a linguagem harmônica do gênero. Seu trabalho enriqueceu a produção da Blue Note Records, que deram nova vida ao estilo enquanto ainda estava no começo da carreira.

Ele se juntou ao Miles Davis Quintet em 1964, formando com o pianista Herbie Hancock, o baixista Ron Carter e o bateirista Tony Williams uma das edições mais consagradas do grupo. Shorter compôs para todos os álbuns da banda a partir daí, e se manteve envolvido mesmo quando Davis redirecionou a produção a estilos como o rock e o funk.

Shorter ainda aprofundaria sua relação com Herbie Hancock nas décadas seguintes, lançando em 1997 o disco introspectivo "1+1". Ele rendeu um dos prêmios Grammy do músico pela composição de "Aung San Suu Kyi", que era dedicado ao ativista de mesmo nome que se tornaria depois líder de Mianmar.

Sua última vitória na principal premiação da indústria foi este ano, quando foi escolhido como melhor improvisação de solo de jazz em "Endangered Species". Ele recebeu ainda o prêmio pelo conjunto da obra em 2015.


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