SÃO PAULO SP (FOLHAPRESS) - Sete bares da avenida Vieira de Carvalho, na região conhecida como o centro LGBTQIA+ de São Paulo, decidiram contratar seguranças particulares para garantir a segurança dos clientes entre 19h e 3h da madrugada, de quinta-feira a domingo, nas ruas da região.

Os seguranças vão atuar entre os quarteirões da rua Aurora e praça da República e levar os clientes até o metrô, sempre que forem solicitados, em três horários: 22h, 23h e 23h45.

Os furtos de celulares e os assaltos na região motivaram os proprietários a reforçar a segurança, que já conta com funcionários especializados nas portas dos estabelecimentos. Os que foram contratados agora cuidarão das ruas para que os clientes se sintam menos ameaçados.

"Da pandemia para cá virou um caos", afirma Marcelo Silva, um dos proprietários de bar que faz parte do grupo. "As pessoas vão para o metrô e são assaltadas, vão pegar Uber do outro da rua e são furtadas".

Os comerciantes da região apontam três grupos de criminosos que atuam no local. Um deles é conhecido por "gangue da bicicleta", formada por jovens que circulam pelo centro, indo e vindo durante praticamente o dia inteiro, a procura de pessoas distraídas com seus celulares nas mãos. Quando encontram, eles furtam os aparelhos e fogem rapidamente em suas bicicletas.

A outra gangue, segundo os comerciantes, é a do arrastão, que atua em grupo de até dez pessoas, derruba as vítimas e rouba tudo o que elas estiverem carregando.

Há relatos também de criminosos que usam facas e machucam as vítimas que esboçam reações diante dos roubos.

"Metem a faca, cortam a pessoa sem dó", diz Silva. "Está inviável. Tivemos que pagar os seguranças para ficar na rua, andando de esquina a esquina".

Além dos sete bares, os comerciantes conversam com proprietários de um supermercado e de um hotel para aderirem à contratação dos seguranças particulares.

De acordo com donos de bares, o movimento diminuiu 30% nos últimos anos por causa da insegurança. Em relatos nas redes sociais, clientes reclamam da situação e dizem que está complicado frequentar a região.

"Fui assaltado saindo do bar. Foi meio traumático. O cara engatilhou a arma, achou que eu era policial. Eu já tinha entregado o celular novinho", disse um deles.

Outro conta que foi assaltado por seis homens na avenida São João e perdeu o celular. "Esse centro de São Paulo está pior que o Iraque", disse.

"O bar pode até ser bom, mas está impossível de chegar aí para curtir. A bandidagem tomou conta do pedaço", reclamou outro.

Os comerciantes têm também vídeos que mostram criminosos de bicicleta e em grupo agindo para roubar frequentadores da região.

No comunicado em que divulgam a contração dos seguranças particulares para as ruas, os comerciantes sugerem que os clientes conversem com as equipes dos bares sempre que perceberem algo diferente.

Nas proximidades da Vieira de Carvalho, a esquina das avenidas São João e Ipiranga e o entorno convivem com furtos e roubos constantes, apesar de o local ter sido requalificado por obras da prefeitura para atrair mais turistas.

No início do ano, ao menos três bares da região de Santa Cecília, bairro vizinho à República, foram alvo de arrastões. Os três locais ficam a menos de 500 metros de distância um do outro.

Em um dos casos, três ladrões armados obrigaram as pessoas que estavam na parte externa de um bar na rua Jesuíno Pascoal a entrarem e exigiram os celulares de todos. O arrastão ocorreu por volta das 21h.

Mas há casos em outros horários também. Outro arrastão foi registrado por volta das 17h30 em um bar em que ainda não havia clientes. Os ladrões roubaram celulares de funcionários e dinheiro do caixa do estabelecimento.

Também no início do ano, a missionária italiana Loredana Vigini, 53, foi atropelada por um ciclista em fuga ao atravessar uma rua de Santa Cecília. O homem acabara de furtar um celular. A religiosa morreu dias depois na Santa Casa.

Em janeiro, a cidade de São Paulo registrou recorde de casos de furto. Segundo dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública), foram 19.115 casos na capital, contra 16.231 ocorrências em 2022, alta de 18%. Os casos de roubo ficaram em patamar semelhante ao do ano passado. Na capital, foram 12.030 registros, contra 11.846 no ano passado e 13.535 em 2020.


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