OLINDA, PE E JABOATÃO DOS GUARARAPES, PE (FOLHAPRESS) - Placas que alertam a população sobre possíveis ataques de tubarão no litoral da região metropolitana do Recife estão pichadas e apagadas.

Em um intervalo de 15 dias, três incidentes com os animais aconteceram na região -um na praia dos Milagres, em Olinda, e dois em Piedade, Jaboatão dos Guararapes. Esta última foi palco de dois ataques em quase 24 horas, um no domingo (5) e um na segunda (6).

A reportagem visitou os dois locais após os ataques e constatou que ambos tinham problema na sinalização.

Em Milagres, os alertas de tubarão apresentavam problemas na última quarta-feira (1º). Em um trecho próximo ao espaço do último ataque, não havia placas. O espaço é considerado de risco, com prática de esportes proibida na água.

Uma placa fica situada em uma rua que dá acesso à faixa de areia, mas o local é pouco movimentado, servindo esporadicamente como atalho para banhistas, que optam pelo caminho principal.

Nesta terça (6), o cenário na praia de Piedade era semelhante. O local até conta com placas fixas de alerta, mas diversas estão com mensagens apagadas ou danificadas em razão de atos de vandalismo ou deterioração. Há ainda bandeiras menores instaladas para o alerta sobre mastros móveis baseados na areia.

Um mês antes do primeiro da série de três ataques de tubarão, o Corpo de Bombeiros solicitou ao Governo de Pernambuco a manutenção e renovação das placas de alerta nas praias da região.

O ofício com a solicitação foi enviado no dia 13 de janeiro pelo então comandante do Grupamento Marítimo dos Bombeiros, o major Leonardo Alves de Mendonça, à Secretaria de Defesa Social de Pernambuco.

A pasta era responsável, até esta segunda (6), por concentrar o Cemit (Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões).

No documento, ao qual a reportagem teve acesso, o militar afirmou que os avisos nas praias tinham "elevado nível de depredação e desgaste".

Em resposta no dia 16 de fevereiro, mais de um mês depois, o Cemit disse que monitorou, no dia 11 do mesmo mês, a entrega das novas placas contratadas pela gestão estadual.

A troca de ofícios também revela que uma quantidade das placas foi furtada ou depredada, mas sem detalhes da quantidade. O major Leonardo Alves de Mendonça ainda diz que os itens precisam "trazer uma informação clara e assertiva aos frequentadores da orla" da capital e cidades da área metropolitana. Ele também pediu fornecimento de películas retrorrefletivas para adequação das placas.

Depois de ser cobrada pelo governo, após o ofício do Corpo de Bombeiros, a empresa contratada iniciou a garantia de entrega das novas placas no dia 11 de fevereiro, em duas remessas. Os novos materiais serão adaptados para evitar novos atos de vandalismo, com parafusos mais eficazes e novo mecanismo de fixação.

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco foi procurada para se manifestar sobre o assunto, mas não respondeu se as placas já foram instaladas.

Na segunda (6), uma adolescente foi atacada por um tubarão na praia de Piedade, a cerca de 500 metros de onde aconteceu o incidente do domingo (5).

Ela teve uma parte do braço esquerdo amputada no Hospital da Restauração. Minutos após o ataque, frequentadores continuavam a entrar na água. Um deles foi retirado à força por bombeiros do mar.

No domingo (5), um adolescente de 14 anos foi atacado na mesma praia. Segundo o Cemit, um decreto municipal proíbe desde julho de 2021 banhos de mar no local. A vítima teve uma perna amputada.

De acordo com a unidade de saúde, o estado de saúde de ambos é estável.

O caso da praia dos Milagres, em Olinda, foi no dia 20 de fevereiro, em meio ao Carnaval. André Luiz Gomes da Silva, 32, passou por cirurgia vascular no hospital da Restauração. A vítima estava em um local com proibição para a prática de surfe desde 1999.

André ficou dez dias internado no Hospital da Restauração e atualmente se recupera em casa. Ele foi atingido na perna esquerda.

Dados do Cemit mostram que, desde 1992, Pernambuco registrou 77 incidentes com tubarões, sendo 67 nas praias do continente e 10 no arquipélago de Fernando de Noronha. Do total, 26 resultaram em mortes. Recife e Jaboatão dos Guararapes lideram com 27 ataques cada ao longo dos últimos 31 anos.

Nesta segunda, a governadora Raquel Lyra (PSDB) visitou as duas vítimas mais recentes de incidentes com tubarão no Hospital da Restauração. Ela também anunciou medidas para tentar evitar novos incidentes.

A governadora disse que fará o restabelecimento, do estudo sobre incidentes com tubarões nas praias urbanas da região metropolitana do Recife.

Até 2014, o governo mantinha um convênio com a UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) para manutenção do projeto Protuba, que monitorava os tubarões. O convênio foi encerrado durante o governo de João Lyra Neto, pai da atual governadora.

Em paralelo, ela anunciou que a gestão do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões será transferida para a Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha.

"A gente vai deixar de ter uma atuação quando o incidente acontece para atuar mais preventivamente, entendendo o comportamento do tubarão em Pernambuco", prometeu a governadora.

O presidente do Cemit, o coronel do Corpo de Bombeiros Robson Roberto, disse que a corporação vai reforçar o apoio operacional nas praias, principalmente no verão.


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