SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que antecipará a vacinação contra gripe em estados da região Norte do país. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (11) na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na capital paulista.

No local, ela também abordou a negociação do estabelecimento do Ceis (Complexo econômico-industrial da saúde) e apresentou desafios do SUS (Sistema Único de Saúde).

Ela listou a baixa cobertura vacinal, o aumento de mortalidade materna e a estagnação do programa Farmácia Popular como algumas das adversidades.

O início da campanha no país contra gripe está previsto para abril, mas na próxima semana a região Norte receberá remessas da vacina para que possa aplicar as doses já neste mês, um pedido antigo dos profissionais de saúde e dos gestores locais.

Nísia também afirmou que estão sendo finalizados os estudos sobre o impacto do piso da enfermagem e que o Ministério da Saúde tem acompanhado a publicação de estudos científicos sobre o uso medicinal da Cannabis, mas qualquer aprovação de nova medicação para o SUS precisa passar por um trâmite.

"O que eu posso dizer é que não há nenhum tipo de preconceito, de veto ou de restrição a todos aqueles medicamentos, inclusive com base na Cannabis, que sejam úteis para população e que vão seguir o rito científico e técnico formal", complementou o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Carlos Gadelha.

Quanto ao Ceis, Nísia lembrou que a iniciativa foi apresentada no passado, quando Alexandre Padilha era ministro da Saúde, porém não chegou a ser implantada e continua necessária.

Segundo a ministra, o país gastou US$ 20,5 bilhões em importações na área da saúde em 2021, com uma dependência de 90% no caso de IFAs, e o Ceis pode não apenas reduzir a vulnerabilidade em relação ao mercado externo mas também gerar 25 milhões de empregos diretos e indiretos.

Para tanto, Nísia apresentou à plateia, composta majoritariamente de representantes da indústria, propostas de diretrizes estratégicas. Entre as medidas estão: situar a saúde como uma das grandes prioridades da política de desenvolvimento sustentável; garantir estabilidade e transparência para o uso estratégico do poder de compra do Estado; apoio à produção local e à inovação.

"Falamos aqui da produção de vacinas e fármacos, mas também da área de equipamentos", afirmou, ressaltando o alto potencial do setor para incentivar a economia e como porta de entrada do país na revolução tecnológica do Big Data, da nanotecnologia e da genômica.

"Temos base científica para isso e temos um sistema, o SUS, que pode ser direcionador desse processo", complementou Nísia, que no discurso de posse no ministério afirmou desejar que pelo menos 70% das demandas do sistema público de saúde sejam atendidas pela indústria nacional.

De acordo com a ministra, a ideia é estabelecer uma agenda de trabalho para que o ministério e a indústria possam desenhar as medidas necessárias. Entre as demandas dos diretores industriais estão, por exemplo, custos regulatórios diferenciados e revisão da tributação, que estaria favorecendo os produtos internacionais.

"Uma outra questão que nos preocupa muito são os impactos na saúde da reforma tributária. Sabemos e entendemos a necessidade de uma reforma tributária, mas estamos preocupados como o setor vai ser atingido", afirmou Giovanni Cerri, presidente do Instituto Coalizão Saúde.

Os membros da indústria solicitaram ainda que o Ministério da Saúde coordene os diálogos com outras pastas envolvidas na temática, como a Fazenda e a Educação, e com as instâncias municipal e estadual do SUS.


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