BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Uma alta nos casos prováveis de dengue em Minas Gerais nos primeiros meses de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado, obrigou prefeituras a abrir unidades de saúde nos fins de semana, decretar estado de emergência e deflagrar operações de combate aos focos do Aedes aegypti.

De acordo com o levantamento mais recente do Ministério da Saúde, divulgado em 5 de março, há 67.220 casos prováveis de dengue no estado. O número é mais de sete vezes o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram notificados 8.648 casos prováveis da doença.

Quanto às mortes por dengue, são 6 óbitos confirmados no estado neste ano.

A reportagem pediu informações ao governo de Minas Gerais sobre o avanço da dengue no estado na manhã do dia 17 e na tarde do dia 21, mas não obteve resposta.

O avanço da doença em todo o país fez com o que o governo federal criasse um centro de emergência.

Os números da dengue em Minas Gerais colocam o estado na liderança nacional de casos prováveis da doença. Em segundo lugar está o estado de São Paulo, com 50.957 casos prováveis de dengue até março de 2023.

Nos dados que consideram os números de casos por 100 mil habitantes, Minas Gerais aparece em terceiro lugar, com 313,9 registros, atrás de Espírito Santo (768,3) e Mato Grosso do Sul (338,9). No ano passado, Minas ocupava o 12º lugar, com 37,7 casos por 100 mil habitantes.

Diante da situação, unidades de saúde que funcionam apenas em dias úteis em Belo Horizonte e em Betim, na região metropolitana, estão abrindo aos fins de semanas para atender quem tem sintomas da doença.

Na capital, duas unidades de saúde foram colocadas em funcionamento no último sábado (18). Segundo a prefeitura, a decisão faz parte de um plano de contingência que poderá ser ampliado conforme a necessidade. Em Betim, que já tem 415 casos confirmados neste ano -em 2022 foram 268 registros no período--, cinco unidades básicas de saúde de regiões onde há maior incidência da doença passaram a abrir aos sábados

Com sintomas que podem ser da doença, a diarista Ivanir dos Santos Miranda, 58, aguardava atendimento médico nesta terça (21) na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Venda Nova, região norte de Belo Horizonte.

Na mesma fila estava a auxiliar de escritório Caroline da Silva Gonçalves, 23, também com suspeita de dengue. "O pior de tudo é a dor de cabeça", disse.

Uma paralisação de servidores públicos municipais no mesmo dia afetou o funcionamento da unidade. Segundo relatório da prefeitura, dos 21.420 servidores do SUS (Sistema Único de Saúde) em Belo Horizonte, 2,54% aderiram à paralisação.

O número de atendimentos de casos suspeitos de dengue nos centros de saúde da capital vem aumentando progressivamente e mais que dobrou de uma semana para outra, passando de 614 (na semana epidemiológica 8) para 1.358 (na semana 9).

Até março, agentes da Prefeitura de Belo Horizonte já realizaram 240 mil visitas domiciliares em busca de focos do mosquito transmissor da dengue.

O Lira (Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti) concluído em outubro do ano passado mostrou que 83,3% dos focos do mosquito na cidade estavam em ambiente domiciliar, sobretudo em pequenos pratos de plantas (26,5%), recipientes domésticos (10,2%), barris/tambores (7,5%) e pneus (6,3%).

**CONTAGEM DECRETA EMERGÊNCIA **

Em Contagem, também na região metropolitana, foi decretada situação de emergência por 120 dias. O município já tem 127 casos confirmados de dengue neste ano, número que corresponde a 51% de todos os registros da doença em 2022.

"O decreto de situação de emergência em saúde pública garante ao gestor municipal aquisição mais célere de insumos e medicamentos", afirma a prefeitura, em nota.

"Se não houvesse essa flexibilidade ficaria mais complicado combater a doença", disse o secretário municipal de saúde, Fabrício Simões. Para ele, dois fatores contribuíram para a alta nos casos de dengue: grande volume de chuvas e descuido no combate ao mosquito por parte da população, enquanto as atenções estavam mais voltadas à Covid.

"O mosquito está sempre por aí, esperando um vacilo nosso", disse Simões.

Para tentar frear a doença, o município de Contagem prepara a emissão de 9.500 notificações para proprietários de terrenos baldios, com previsão de multa de até R$ 1.600.

Arquivo - Mosquito da dengue

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