SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No mesmo dia em que a cidade de São Paulo lidava com os efeitos do primeiro dia de greve no metrô, com alta demanda por corridas em aplicativos, o app municipal MobizapSP estreou com dificuldades para quem tentava utilizá-lo.

Na tarde desta quinta-feira (23), a reportagem fez quatro tentativas de solicitar uma viagem, mas nenhum motorista aceitou as chamadas na região central da cidade.

Em outra tentativa, inseriu os endereços de localização e destino, e o MobizapSP travava após tentar processar o pedido por mais de cinco minutos.

Foram aproximadamente 25 minutos de frustração com a opção econômica.

A corrida se concretizou apenas quando a opção premium do aplicativo foi acionada, resultando num valor R$ 8 mais alto. Passaram-se, então, outros 20 minutos até que o motorista chegasse ao local de partida, na estação Paulista, do metrô.

Às 15h, era a primeira corrida pelo MobizapSP que o motorista Alex Sandro do Carmo, 38, conseguiu completar. Ele estava havia cerca de uma hora usando o aplicativo, e duas viagens anteriores haviam sido canceladas -uma pelo passageiro e outra pelo próprio Alex.

"Ele é um pouquinho falho, viu?", avisou o motorista sobre o aplicativo. "E muitos dos que estão se cadastrando [no MobizapSP], a maioria é na categoria premium, que tem carros do tipo SUV, sedans um pouco mais sofisticados. Não estão entrando com carro popular."

Do total de R$ 22,68 por um trajeto de aproximadamente 2,5 quilômetros, até os Campos Elíseos, o motorista ficou com R$ 20,08.

Tanto do lado do passageiro e quanto do motorista, foi uma prestação de serviço marcada por problemas técnicos.

Ao longo dos 20 minutos de espera até que o motorista chegasse ao local de embarque, não era possível saber onde o carro estava. Alex, por sua vez, também não enxergava a localização pelo MobizapSP, apenas se clicasse no aplicativo Google Maps -a opção de fazer o mesmo pelo Waze não estava funcionando.

A confiança de que o motorista vinha em nossa direção só chegou após uma troca de mensagens.

Mais cedo, tentativas de usar o aplicativo da prefeitura esbarraram tanto na falta de motoristas disponíveis quanto noutro problema técnico: ao clicar em "Pedir corrida", o passageiro se deparava com uma mensagem avisando que nenhuma tarifa havia sido gerada.

A reportagem tentou resolver o problema com um serviço de atendimento pelo WhatsApp. A resposta foi a seguinte: "Por favor, aguarde. Logo você será atendido". Três horas depois, nenhum atendimento.

Motorista de aplicativo desde 2016, Idernani do Carmo conta que fez o cadastro no primeiro dia em que a plataforma ficou disponível, no dia 10 deste mês. Porém, até a tarde desta quinta, não havia conseguido acessá-la.

"Inseri todos os dados dos meus documentos, e desde então o aplicativo pede para eu fazer o cadastro novamente. Não consegui acessar o suporte, e fico em dúvida sobre o que vão fazer com meus dados", disse Carmo.

Outro motorista, que falou com a reportagem sob anonimato, afirmou ter inserido numeração dos seus documentos e um email incorreto e mesmo assim obteve a autorização para operar o MobizapSP.

Nas redes sociais, houve relatos de que, ao simular o mesmo percurso em aplicativos diferentes, o da MobizapSP oferecia um preço até R$ 20 mais alto.

A reportagem enviou perguntas à Prefeitura de São Paulo, mas quem respondeu o foi a MobizapSP.

"Dependendo do sistema operacional do celular, o aplicativo pode estar desatualizado e apresentar problemas. Porém estamos trabalhando para normalizar isso e aguardando liberação da loja para uma atualização para evitar outros erros", disse a nota da empresa.

A assessoria acrescentou que somente no primeiro dia de operação foram contabilizadas 3.000 corridas realizadas.

Em relação ao motorista que afirmou ter inserido informações incorretas, a nota da MobizapSP prometeu que "qualquer perfil que estiver fora do padrão será removido". "A nossa equipe de atendimento ao cliente está trabalhando para responder todas as dúvidas do público e em breve esse serviço funcionará perfeitamente", afirmou a empresa.


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