SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) não convidou Paulo Coelho para a sua posse em Brasília, no dia 1º de janeiro.

A festa foi organizada pessoalmente pela primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. O esquecimento foi encarado como uma desfeita por amigos do escritor e explicaria, em parte, o sentimento de decepção de Coelho com o petista.

O escritor já reclamou a interlocutores da ingratidão do presidente da República e de pessoas próximas a ele, que em momentos de dificuldade buscaram o apoio do escritor -jamais negado.

Coelho apoiou Lula nos momentos mais difíceis que enfrentou na década passada, quando o PT colheu derrotas jurídicas que acabaram tirando o partido do poder.

Na época do julgamento do mensalão, por exemplo, ele recebeu o ex-ministro José Dirceu em sua casa, no sul da França. Os dois passaram o Réveillon juntos.

Dirceu era então demonizado por setores da classe média. Mas o escritor não apenas o acolheu como se deixou fotografar com ele, dando ampla divulgação ao encontro.

Coelho também apoiou Lula em diferentes eleições e chegou a gravar depoimentos para programas de TV do petista.

Segundo ele, os atos de apoio o levaram a perder leitores, mas ele se manteve firme em sua posição.

Os atos de governo do petista também estariam frustrando o escritor -que decidiu, então, tornar públicas suas críticas a Lula. No domingo (26), Coelho criticou o atual mandatário por meio de suas redes sociais.

"Décadas apoiando Lula, noto que seu novo mandato está patético", escreveu, antes de citar os recentes embates de Lula com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e com o Banco Central. "Não devia ter me empenhado na campanha. Perdi leitores (faz parte), mas não estou vendo meu voto ter valido a pena."

Mesmo morando em Genebra, na Suíça, e não tendo certeza se poderia vir ao Brasil para a data, o escritor gostaria que Lula tivesse desejado a sua presença.

Paulo Coelho destacou que apoiou o petista em todas disputas eleitorais recentes, tendo o presidente pedido ou não e mesmo diante de prejuízos que teria sofrido com a perda de leitores.

Apesar da mágoa, pessoas próximas ao escritor ouvidas pela coluna acreditam que um "armistício" possa ser selado entre ele o presidente da República em breve.


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