SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O empresário Thiago Brennand, 42, foi preso nesta segunda-feira (17) nos Emirados Árabes Unidos, país em que vivia desde setembro.
A detenção acontece poucos dias depois do governo emirático ter autorizado sua extradição. Com isso, deve ser enviado de volta ao Brasil nos próximos dias ?há cinco mandados de prisão preventiva expedidos contra ele no país.
A informação sobre a prisão foi dada inicialmente pela TV Globo e confirmada pela reportagem.
O empresário viajou para os Emirados Árabes pouco antes de ser denunciado pela primeira vez pelo pelo Ministério Público de São Paulo, em setembro. Ao todo, a Promotoria já fez oito denúncias contra ele por crimes sexuais, incluindo estupro.
Em vídeos postados nas redes sociais, Brennand sempre negou todas as acusações. Em um deles, publicado no início do mês, ele afirmou que pretendia voltar ao Brasil e que devia desculpas a ex-advogados e a autoridades a quem ofendeu, mas que achava que seria preso "injustamente" no país.
Como ele deixou o país, Brennand teve seu nome incluído na lista de foragidos da Interpol e chegou a ser detido nos Emirados Árabes em 14 de outubro do ano passado, mas foi solto sob fiança no mesmo dia. No mês seguinte, o governo brasileiro pediu a extradição do empresário, que foi aceita na semana passada.
Assim, a prisão é a primeira etapa para que essa extradição seja cumprida, explica Rui Aurélio de Lacerda Badaró, integrante da Comissão de Relações Internacionais da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Paulo.
Segundo fontes da polícia, a expectativa é que na manhã desta terça (18) quatro agentes da Polícia Federal embarquem para os Emirados Árabes para agilizar o retorno do empresário.
Quando desembarcar no Brasil, o empresário deve ser encaminhado imediatamente para a prisão, afirma Badaró.
No início de abril, o atual advogado do empresário, Eduardo Leite, chegou a pedir à Justiça a revogação dos pedidos prisões e a retirada de seu nome da lista de foragido da Interpol. Ao menos um deles foi negado pela Justiça.
RELEMBRE O CASO
Brennand ficou conhecido após agredir, em agosto de 2022, a modelo Alliny Helena Gomes, 37, durante discussão em uma academia de ginástica na zona oeste de São Paulo.
Anteriormente, a defesa que o representou no caso da agressão afirmou que ele compareceu espontaneamente para prestar esclarecimentos às autoridades e disse que os vídeos mostram que as agressões verbais foram iniciadas por ela.
Ele já teve a prisão decretada por lesão corporal e corrupção de menores -segundo a Promotoria, teria incentivado o filho adolescente a ofender a modelo.
Brennand trocou diversas vezes de advogados desde as primeiras denúncias. No início, foi representado pelo escritório Cavalcanti e Sion. Depois, passou a ser representado pelo advogado Ricardo Sayeg, que deixou o caso no início deste ano. Agora, ele segue com Leite.
Após o caso de Alliny, ao menos 15 mulheres o acusaram de supostos crimes sexuais.
Por ser considerado foragido, Brennand teve seu registro de CAC (caçadores, atiradores e colecionadores) suspenso. Por isso, a polícia de São Paulo apreendeu no dia 17 de março 70 armas do empresário.
Nos últimos meses, ele publicou diversos vídeos para falar das investigações -a maioria já foi apagado. Neles, o empresário xingou promotores e advogados, negou os supostos crimes e disse ser alvo de perseguição. Disse ainda que, no Brasil, a maioria das denúncias de assédio sexual é falsa, o que é refutado por especialistas.
Além dos episódios de crimes sexuais, Brennand acumulava também brigas familiares -ele é membro de uma família tradicional do Recife e tem uma fortuna pessoal estimada em mais de R$ 200 milhões.
Uma reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que, em um documento público de novembro de 2019, os pais do empresário pediram exclusão dele do testamento devido a uma série de ameaças. Entre os motivos mencionados estão a "absoluta inexistência de qualquer afinidade" entre eles e as agressões "de forma reiterada, explícita e pública, pessoalmente e através de emails" que provocou "insuportável nível de sofrimento".
Entre os xingamentos supostamente encaminhados por email em novembro de 2019, a mãe diz ter sido chamada de "figura abjeta", "figura abominável", "figura imunda", "figura nojenta" e "Goebbels [Joseph Goebbels foi o ministro da propaganda de Adolf Hitler] de nossa família."
A mãe Joana Vieira deixa registrado que, caso outros herdeiros testamentários contestem esse seu desejo de deserção, eles também serão excluídos da herança.
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