SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As unidades de tratamento intensivo (UTIs) de hospitais públicos no Brasil são bem menos eficientes e têm performance inferior às administradas pela rede hospitalar privada.
Levantamento inédito entre 707 hospitais com unidades intensivas (representando a metade dos existentes no país) revela que apenas 18 sob gestão pública apresentam uma taxa considerada de alta performance. Entre os hospitais privados, 117 integram a lista.
No universo dos 707 hospitais pesquisados e que têm UTIs, 40% são públicos; e 60%, privados. Mesmo assim, a discrepância entre o desempenho das unidades públicas e privadas é muito maior do que o viés da amostra poderia produzir.
O levantamento foi feito pela Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) em parceira com a Epimed Solutions, empresa fundada por médicos intensivistas especializada em soluções para aumentar a eficiência na gestão hospitalar.
São basicamente dois os critérios adotados para avaliar as UTIs, cujos resultados passarão a ser publicados anualmente pela Amib: 1) taxa de mortalidade nas unidades ajustada pela gravidade da internação; e 2) taxa de utilização de recursos durante o tempo de internação do paciente.
A pesquisa faz parte do projeto UTIs Brasileiras, criado em 2010, com o objetivo de caracterizar o perfil epidemiológico das unidades de terapia intensiva no país e compartilhar informações que possam ser úteis para orientar políticas de saúde e estratégias, com o objetivo de melhorar o cuidado dos pacientes críticos.
Durante os piores meses da pandemia, em 2020 e 2021, os dados da Amib foram fundamentais para que estados e municípios contassem com um mapeamento das UTIs disponíveis em várias regiões do Brasil.
Segundo o médico intensivista Ederlon Rezende, membro da Amib, a lista de hospitais com UTIs contempladas com o selo "Top Performer" não é um ranking, uma vez que recebem a distinção as que tiveram performance no grupo do melhor tercil (as UTIs são divididas em três tercis: melhor desempenho, médio e pior).
No total, 135 (19,1%) dos 707 hospitais com unidades de tratamento intensivo foram avaliados com melhor desempenho. Deles, só 18 são públicos.
Entre os privados, constam nomes como Sírio-Libanês, em São Paulo, e Copa Star, no Rio de Janeiro. Entre os públicos, o Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo, e o Hospital Alberto Torres, referência em São Gonçalo (RJ).
Rezende afirma que, antes da pandemia, o total de leitos de UTIs no Brasil era dividido entre 60% privados e 40% públicos. Hoje, os leitos são meio a meio entre públicos e privados. No total, existem 48,9 mil leitos de UTI para adultos no país.
"Houve um aumento da participação de leitos públicos no total. Mas, como o levantamento mostra, muitas das unidades nos hospitais públicos estão longe do ideal ou do que seria adequado", afirma.
Durante a pandemia, a Amib constatou que a mortalidade de pacientes com Covid internados em UTIs privadas foi de 30%, enquanto em UTIs públicas chegou a 53%.
Confira os 135 hospitais que integram a lista de alta performance.
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