RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai comparar o laudo médico da passista que teve o braço amputado após complicações de uma cirurgia no útero com os depoimentos colhidos nesta sexta-feira (28) dos médicos envolvidos no caso.

Cinco profissionais de saúde que atenderam Alessandra dos Santos Silva, 35, prestaram depoimento na delegacia de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A polícia investiga se houve erro médico ou imperícia no tratamento.

A Fundação Saúde, ligada ao governo do estado e que faz a gestão das duas unidades de saúde por onde ela passou, abriu sindicância para apurar a conduta médica e administrativa nos hospitais.

A Secretaria Estadual de Saúde declarou na última quarta (26) que foi necessária a retirada do útero, uma transfusão sanguínea e altas doses de aminas vasoativas na paciente. Segundo a pasta, o medicamento usado para conter hemorragia pode ter causado a necrose no braço esquerdo de Alessandra.

A passista teve o braço amputado após passar por uma cirurgia de retirada de miomas no útero; o órgão também foi removido. Ela foi internada em 3 de fevereiro no Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, onde fez o primeiro procedimento cirúrgico.

No entanto, devido a complicações da operação, a passista precisou ser transferida para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, em Botafogo, na zona sul do Rio.

Dos cinco médicos ouvidos, três eram do Hospital Heloneida Studart e dois da unidade de cardiologia da capital. De acordo com o delegado do caso, Bruno Enrique Menezes, os profissionais detalharam os procedimentos adotados por eles.

Na terça (25), o médico responsável pela cirurgia no útero da passista disse, em depoimento, que o órgão da paciente precisou ser totalmente retirado por causa de uma hemorragia. O cirurgião Gustavo Machado, do Heloneida Studart, disse ainda que a transferência se deu por causa de um agravamento na parte vascular ocorrido no pós-operatório, segundo informou o delegado.

Menezes afirmou ainda que enviará os depoimentos dos médicos para a perícia, para que sejam comparados com o laudo médico de Alessandra. A passista deve prestar um novo depoimento na semana que vem. A oitiva ainda não foi marcada.

"Para os próximos passos, remeteremos todo o material ao IML para exame pericial e será novamente ouvida a vítima para trazer mais elementos aos autos", disse o delegado.

Nesta quinta-feira (27), Alessandra passou por exame de corpo de delito a pedido da investigação.

A defesa da passista afirmou que vai entrar com uma ação de reparação civil contra o estado. A passista da Acadêmicos do Grande Rio planejava engravidar e afirma ter tido o sonho interrompido por erro médico. Ela, que trabalhava como trancista e implantista, agora diz que não sabe o que fazer daqui para frente.


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