RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Dirigentes de associações yanomamis afirmaram em nota nesta segunda-feira (1º) que a morte do indígena dentro da terra demarcada foi provocada por disparos de garimpeiros durante uma cerimônia fúnebre na comunidade Uxiú.

Segundo nota conjunta da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e Texoli Associação Ninam Estado de Roraima (Taner), entidades que atuam na região, indígenas que estavam às margens do rio Mucajaí participando do ritual foram alvos de seis garimpeiros.

O agente de saúde Ilson Xirixana, 36, que trabalhava no Distrito Sanitário Indígena Yanomami (Dsei-Y), foi atingido na cabeça, segundo os relatos dos indígenas às associações.

Após o ataque, de acordo com o relato, os indígenas iniciaram uma perseguição a barco contra os garimpeiros. Os invasores teriam feito novos disparos e atingido outros dois indígenas, que permanecem internados.

As entidades afirmam que estavam no barco dois garimpeiros "conhecidos dos agentes públicos da Funai e Ibama". De acordo com as duas organizações, o barco da dupla tinha autorização para acessar a terra indígena para viabilizar a retirada de invasores ilegais.

"Só que a autorização do barco venceu em 6 abril quando o espaço aéreo também foi fechado para aviões não autorizados na Terra Yanomami e mesmo assim eles continuam transitando dentro do território", afirma a nota, assinada por Dario Kopenawa, vice-presidente da HAY, e Gerson Xiriana, presidente da Taner

As associações declaram também que liderança da comunidade Uxiú se organizam para atacar barcos de garimpeiros que passarem próximos às margens do rio Mucajaí. "Isso significa que pode ocorrer a qualquer momento mais uma tragédia naquela região."

O ataque ocorreu três meses após o início da operação do governo federal a fim de acabar com o garimpo ilegal e retirar 20 mil invasores da região. No período, segundo o Ministério do Meio Ambiente, foram destruídos 327 acampamentos de garimpeiros, 18 aviões, 2 helicópteros, centenas de motores e dezenas de balsas, barcos e tratores.

As entidades afirmam que, apesar dos esforços, os yanomamis ainda sofrem com a atuação de garimpeiros ilegais.

"Mesmo depois de três meses de ações [do governo federal], o povo da Terra Yanomami ainda sofre com surtos de doenças como malária, ataques e mais mortes por parte dos invasores que insistem em continuar explorando e devastando o nosso território sagrado e derramando o sangue dos nossos parentes", afirma a nota.

Na noite deste domingo, quatro homens foram mortos por agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) durante um suposto confronto na terra indígena. De acordo com a corporação, policiais e servidores do Ibama foram atacados ao desembarcar de uma aeronave para fiscalização de uma área de garimpo ilegal na região.

O governo afirma que o ataque foi promovido por garimpeiros ilegais que atuam na terra indígena. Os servidores chegavam ao local para impedir a ação criminosa. Entre os supostos criminosos mortos está, segundo o Ministério do Meio Ambiente, um foragido da Justiça do Amapá.

De acordo com a PRF, foram apreendidos um fuzil, três pistolas sete espingardas, entre outros materiais para confronto (munições, carregadores, coldre, por exemplo).


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