SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Jovem de 19 anos foi agredido por colegas da escola estadual Amadeu Amaral, no Belenzinho, zona leste da capital, no dia 10 de abril, em São Paulo. A mãe do rapaz, Adriana Toledo, classifica a violência sofrida pelo filho como racismo.
O jovem levou socos na boca na saída do colégio e foi alvo de ofensas racistas. O aluno tem deficiência e terá sua identidade preservada. A mãe diz que ele não reagiu às agressões.
Segundo a advogada da família, Cristiane de Natachi, o jovem já havia sido ofendido pelos colegas anteriormente. Desta vez, os insultos ocorreram depois que uma professora citou a mãe dele como um exemplo. Conhecida como "Adriana de Nanã", ela é ialorixá (mãe de santo) e ativista dos direitos humanos e pela garantia dos direitos das religiões de matriz africana.
"No Brasil, o racismo é uma mazela cotidiana na vida de pessoas negras, não somente no espaço escolar, mas também em todos os ambientes de interação social (...) Nosso papel é fazer dessa dor um movimento de impulso para a construção de aprendizagem coletiva.", disse Adriana Toledo, mãe do jovem agredido.
A ativista diz temer pela segurança do filho. Depois do episódio, a família registrou boletim de ocorrência, mas ele não frequenta as aulas presenciais desde então e tem feito atividades online, além de contar com acompanhamento médico e psicológico.
O caso é investigado por meio de inquérito policial instaurado pelo 81º DP (Belém). A diretora da escola foi chamada para comparecer à delegacia para ser ouvida e fornecer informações sobre os alunos envolvidos, informou a Secretaria de Segurança Pública.
A Secretaria de Educação diz que convocou os responsáveis dos alunos envolvidos no caso para uma reunião.
Adriana diz que a escola está colaborando e intensificou as conversas depois do episódio. "Já dialoguei com o grêmio, com os professores, para pensarmos juntos num projeto de prevenção à violência, trabalhar temas como letramento racial, a lei 10.639 [que incluiu no currículo oficial a obrigatoriedade da presença da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e africana"]. Acredito na construção coletiva.".
O que diz a Secretaria da Educação?
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo é veementemente contra qualquer tipo de violência, discriminação ou racismo dentro ou fora das escolas. Assim que soube do fato, que aconteceu fora da escola, a equipe gestora convocou os responsáveis dos envolvidos para uma reunião e definição das medidas restaurativas previstas - prática periódica do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva-SP).
O caso foi registrado na Plataforma Conviva SP (Placon). Desde o episódio, foram realizados encontros formativos e rodas de conversa com os estudantes que promovem a cultura de paz, valorização da vida, mediação de conflitos e educação antirracista dentro do ambiente escolar, incluindo esta semana. Paralelo a isso, há agendada palestra de conscientização sobre diferentes manifestações culturais com os alunos neste mês, organizada entre o grêmio estudantil, comunidade escolar e responsável do estudante.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo está à disposição das autoridades para contribuir com a investigação.
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