SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu nesta terça-feira (16) que a Prefeitura de São Paulo deve readmitir um consórcio que foi desclassificado na concorrência pela PPP (Parceria Público-Privada) da iluminação pública na capital paulista. Com isso, a gestão municipal deve reavaliar as propostas e pode ou não declarar um novo vencedor.

A decisão coloca o consórcio Walks de volta à disputa por um contrato de R$ 7 bilhões e pela responsabilidade de administrar a iluminação pública da maior cidade da América do Sul. Hoje há um contrato em vigor com a concessionária Ilumina SP, integrada pelas empresas FM Rodrigues e Consladel.

Em dezembro de 2018, o Tribunal de Justiça de São Paulo chegou a anular a licitação e determinar que a prefeitura fizesse uma nova concorrência. As duas concorrentes e a prefeitura recorreram dessa decisão, porém, alegando que a medida traria prejuízos indesejados a todas as partes. O próprio consórcio Walks esclareceu que não havia pedido a anulação do certame --desejava apenas que fosse readmitido e considerado vencedor.

O relator do caso no STJ, ministro Paulo Sérgio Domingues, esclareceu em seu voto que a retomada da licitação "não corresponde a extinção, modificação ou anulação do contrato administrativo celebrado com o licitante até então tido como vencedor". A escolha do vencedor deve ser feita de forma conciliada pela prefeitura, disse o ministro. O voto dele foi acompanhado por unanimidade na turma do tribunal.

Domingues diz que o fim do contrato com a atual concessionária seria uma solução trabalhosa, mas não impossível. Ele levanta a hipótese de a prefeitura pagar uma reparação à concessionária, que diz já ter investido R$ 2 bilhões na iluminação da cidade.

Ele também disse que não se pode descartar que a mesma concorrente seja declarada vencedora pela segunda vez. "A consequência é a volta do consórcio Walks para a licitação, com uma economia de R$ 1,8 bilhão para o município de São Paulo", disse o advogado Mauro Pedroso, que defende a Walks.

A defesa da FM Rodrigues diverge e diz que a solução para o caso envolve apenas a prefeitura e o consórcio que foi desclassificado. "Não dá para voltar atrás com essa situação que está posta [contrato em andamento e bilhões de reais já investidos]. O que sobra para eles [Walks] é um direito indenizatório, quando muito", disse Pedro Serrano, advogado da FM Rodrigues.

A prefeitura diz que ainda não foi notificada da decisão e vai tomar providências quando isso ocorrer.

A decisão do STJ é mais um capítulo de uma disputa que se arrasta há mais de cinco anos e envolve denúncias de corrupção. A disputa jurídica teve início após uma apelação do consórcio Walks, do qual faz parte o grupo WTorre, que havia sido desclassificado da disputa e que tentava, na Justiça, reverter a decisão.

O consórcio Walks apresentou uma proposta mais econômica do que a da FM Rodrigues, mas foi desclassificado na gestão João Doria (PSDB) porque uma das empresas que participava do grupo, a Quaatro, é a controladora da Alumini, declarada inidônea pela CGU (Controladoria-Geral da União) por suspeita de suborno.

Como a PPP quase não tinha concorrência, só o consórcio FM Rodrigues/Consladel acabou habilitado na fase final.

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STJ


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