SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira (7) uma proposta de urbanização que há quase dez anos provoca divisão entre moradores da Vila Leopoldina, bairro da zona oeste de São Paulo.
O PIU Leopoldina -a sigla para Projeto de Intervenção Urbana-, lançado em 2016, permitirá a construção de moradias para cerca de 1.400 famílias das comunidades do Nove, da Linha e Madeirite.
Moradores de imóveis de alto padrão nas proximidades fizeram ao longo dos anos oposição ruidosa à construção de um conjunto habitacional em terrenos mais próximos às suas residências.
Entre os argumentos dos contrários está o adensamento populacional do bairro, além da necessidade de descontaminação de uma área.
Um dos terrenos a serem reurbanizados pertence ao grupo Votorantim e está margeado por vias onde é possível ver o consumo de crack durante o dia. São ruas vizinhas à Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).
A Votorantim e outras empresas pretendem criar um polo corporativo na região, onde já há edifícios que atendem a esse perfil. Porém o volume de obras pretendido excede o que a lei de zoneamento permite.
Nesses casos, para construir a mais, é preciso o pagamento de uma taxa, a outorga onerosa.
Mas, em vez de pagar a outorga, a Votorantim propôs a construção de conjuntos habitacionais voltados para a população das favelas.
Os beneficiários da parceria público-privada já foram cadastrados pela Secretaria de Habitação. Parte das novas residências seria vizinha a condomínios de luxo, onde o setor imobiliário investiu com força e se beneficiou com a proximidade do parque Villa-Lobos.
Após a aprovação por unanimidade na Câmara nesta quarta, o líder comunitário Alexandre Beraldo, conhecido como Xandão, disse que o resultado da votação representa uma vitória da população carente que desde 2013 lutava pelo direito de permanecer no bairro.
"É um dia histórico, em que o setor privado e o poder público concordaram em prover moradia para a população pobre em uma área elitizada, permitindo que as pessoas continuem perto do trabalho, das escolas", disse o líder comunitário.
Xandão espera que as unidades sejam entregues em cerca de dois anos e meio.
O texto aprovado pelos vereadores ainda precisa ser sancionado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).
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