SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Não é preciso andar muito pela avenida Paulista neste domingo de Parada do Orgulho LGBTQIA+ para encontrar alusões a pênis, vulvas, nádegas e seios nos looks que compõem o mix de festa e ato político.
Já nas primeiras horas do evento, o vendedor Vacão anunciava com a voz grossa brincos em formato de pintos, que balançavam alegremente num painel que subia e descia ao ver um potencial comprador se aproximar.
Disponíveis em todas as cores, os acessórios em formato fálico acompanhavam ainda brincos que simbolizavam vulvas, folhas de maconha, a insígnia comunista, o punho cerrado do feminismo e a estrela do PT. Cada um saia por R$ 10.
Vacão normalmente vende os acessórios, feitos de madeira e materiais recicláveis que ele coleta pela cidade, no Carnaval. Este ano, pela primeira vez, decidiu ficar mais íntimo dos eventos que orbitam a Parada.
Na Feira da Diversidade, que antecede o evento principal, o artesão conta ter vendido 120 pares do acessório sexy. Na Parada do Orgulho Trans, 50. E na Caminhada Lésbica, 30. A expectativa é alta para este domingo, já que no Carnaval ele chegou a faturar R$ 7.000 em quatro dias.
Apitos em formato fálico também se faziam presentes na multidão, sempre que um vendedor colava os lábios na ponta do acessório, para o deleite dos manifestantes ao redor.
Os acessórios divertidos e os looks translúcidos e minimalistas, que reforçam a libertação sexual inerente ao evento, não apagavam, porém, o lado mais político da Parada.
Bandeiras do arco-íris e de várias outras siglas que compõem o LGBTQIA+ estavam por toda parte, usadas como capas, saias, quimonos, abadás, bandanas e cintos.
Discursos fortes no trio comandado por Silvetty Montilla, ícone da noite queer paulistana, que recebeu a deputada federal Erika Hilton, faziam os manifestantes desamarrar as flâmulas das várias partes do corpo e alça-las ao céu.
"O Brasil está preparado para uma presidente travesti?", perguntou Montilla à deputada, gerando um mar colorido e tremulante sobre as cabeças daqueles que seguiam o carro de som.
Marielle Franco, vereadora do PSOL cuja morte permanece sem solução após cinco anos, tinha o rosto estampado em diversas bandeiras e camisetas. Looks que exigiam direitos, também, acompanhavam o mote deste edição da Parada, "Políticas Sociais para LGBTQ+: Queremos por Inteiro e Não pela Metade".
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