SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Uma operação policial deflagrada nesta terça-feira (12) resultou na prisão de traficantes que se passavam por CACs (sigla para Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) para comprar armas de fogo e munições de forma legal e usá-las em atividades criminosas.
A operação Fake Shooter foi realizada por uma força-tarefa de combate ao crime organizado do Sistema Único de Segurança Pública da Paraíba, que inclui Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, além das Polícias Civil, Militar e Penal da Paraíba.
A operação em Campina Grande (a 113 km de João Pessoa) resultou na prisão de de três homens e na apreensão de um adolescente. Dois foram presos a partir dos mandatos de prisão preventiva e um foi preso em flagrante.
As investigações apontaram que membros da facção criminosa Okaida, maior em atuação no tráfico de drogas no estado da Paraíba, conseguiram comprar armas como atiradores desportivos.
As aquisições das armas e munições aconteceram nos últimos dois anos e foram feitas a partir da inscrição em um clube de tiro sediado em Campina Grande.
Dentre os membros da facção que conseguiram se registrar como atiradores para comprar armas estava um homem que cumpre pena em regime semiaberto por tráfico de drogas e era monitorado por tornozeleira eletrônica. Outro membro da facção, também em cumprimento de pena, conseguiu burlar as regras e comprar munições de forma legal.
O clube de tiro, suspeito de facilitar a ação dos criminosos, foi alvo de busca e apreensão.
"Identificamos que um funcionário do clube de tiro atuou como um possível facilitador do esquema", explicou o delegado Victor Melo, da Polícia Civil da Paraíba e um dos responsáveis pela operação.
Também foram apreendidas na operação um veículo roubado, 12 armas de fogo e centenas de munições.
A investigação é um desdobramento operação Patrinus, que apura a atuação no tráfico de drogas de apadrinhados de facção criminosa em campina Grande e investiga os crimes de tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A compra de armas por CACs foi flexibilizada e incentivada pela gestão de Jair Bolsonaro (PL).
O número de armas de fogo nas mãos do grupo chegou a 1 milhão em julho do ano passado. O crescimento foi de 187% em relação a 2018, anterior à posse de Bolsonaro.
No início deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu início à revogação de decretos e portarias para conter a política armamentista. As medidas suspenderam a autorização para abertura de novos clubes de tiro, aquisição de armas de uso restrito e de munições.
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