SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Censo 2022 do IBGE foi o primeiro a recensear a população quilombola. A inserção dessas comunidades na sondagem do instituto é uma solicitação antiga de entidades que representam esse grupo, como a Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombo).

"Toda essa construção, a Conaq vem pautando há mais de 20 anos. A gente se aproximou de colocar isso em 2010, não conseguiu. Finalmente, a gente conseguiu colocar para 2020", diz a socióloga Givânia Silva, uma das diretoras da coordenação.

"A demanda pela inclusão da população quilombola existia antes do Censo 2010", reforça a coordenadora de Divulgação do Censo 2022, Mariana Viveiros.

Para incluir esta parcela da população na sondagem, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) demandou um tempo maior para estudar a maneira adequada de fazer a pesquisa dentro desses recortes, diz.

De acordo com a coordenadora, este processo se intensificou a partir de 2018. O período foi para viabilizar consultas a entidades quilombolas de todo o país, de modo a entender a forma, os métodos e as perguntas a serem feitas no recenseamento.

Além do diálogo com a Conaq, que articulava com os representantes de comunidades dos 17 estados que fazem parte do grupo, foram estabelecidas parcerias com diversos órgãos e entidades, como o Fundo de População das Nações Unidas, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), a Fundação Cultural Palmares e o Ministério da Igualdade Racial.

"Com o apoio dessas instituições, a gente conseguiu fazer uma cartografia censitária das comunidades quilombolas além dos territórios delimitados", explica.

"A gente não tinha tido ainda até muito recentemente, até 2018 ou 2019, a clareza de qual seria o método e a forma de fazer a investigação no Censo. Isso foi desenvolvido com as entidades representativas dos quilombolas, que foram importantíssimas para o sucesso da investigação".

O IBGE também colocou recenseadores quilombolas para as aplicações da enquetes nas comunidades.

Marta Antunes, coordenadora no IBGE do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, afirma que, além das organizações quilombolas, a inclusão dessa população nas estatísticas oficiais vinha sendo demandada também pelos órgãos executores de políticas públicas direcionadas aos quilombolas.

"A inclusão de um grupo étnico em uma operação censitária exige um conjunto de testes e procedimentos diferenciados, visando que a captação dos dados seja coerente e cumpra com o rigor técnico necessário", afirma.

Para o Censo 2022, diz, foram reunidas as condições necessárias para inclusão de uma pergunta de autodeclaração e para o desenvolvimento de um mapeamento confiável das localidades quilombolas que permitisse realizar a pesquisa com segurança e eficácia em todo o país, sem deixar nenhuma pessoa quilombola de fora.


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