SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Um jogador de futebol de 24 anos foi baleado na perna em meio a uma ação policial em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.

Alessandro Miranda Santos, conhecido como Pantico, estava bebendo um café na frente de casa em que vive em Itinga, periferia da cidade, quando uma viatura da Polícia Militar entrou na rua na noite de segunda-feira (31).

Em entrevista à TV Bahia, o jogador afirmou os policiais chegaram atirando. Ele disse que correu para fugir dos disparos, mas foi atingido por um disparo que partiu de outra viatura. Alessandro foi baleado na perna esquerda, na altura da canela.

Outro homem, que seria um vizinho de Alessandro, também ficou ferido na ação policial. Os dois foram socorridos após cerca de 40 minutos e levados para o hospital Menandro de Farias, em Lauro de Freitas.

O disparo não atingiu o osso e Alessandro foi liberado do hospital após atendimento médico. Ele foi conduzido para a delegacia, ouvido e liberado. Segundo a Polícia Civil, não havia elementos probatórios para autuação em flagrante.

Em nota enviada à TV Bahia, a Polícia Civil havia informado que foram encontradas armas e drogas com os dois baleados. Horas depois, após a repercussão do caso, a polícia recuou.

Em novo comunicado à imprensa, informou que revólver, um simulacro de pistola, drogas e uma motocicleta estavam apenas com um dos baleados. Ele foi autuado em flagrante por tráfico de drogas.

A Polícia Militar informou que fazia rondas na região, quando foram informados que havia suspeitos armados traficando drogas no Loteamento Jardim Jaraguá.

A polícia informou que os suspeitos atiraram contra os policiais e que estes teriam revidado ao ataque. Alessandro e seus familiares negaram ter acontecido qualquer troca de tiros na rua.

Alessandro é jogador de futebol profissional, joga como meia-atacante e é contratado do Rondoniense (RO). Antes, já havia jogado em clubes do interior da Bahia, caso do Fluminense de Feira, Bahia de Feira e Jacuipense. O jogador informou em entrevista que negociava transferência para um time do Líbano.

Ao todo, foram registradas ao menos 20 mortes em ações policiais desde a última sexta-feira (28) no estado da Bahia. Desde então, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) não se manifestou publicamente sobre os casos.

No domingo (31), uma ação da Polícia Militar realizada na zona rural de Itatim, cidade de 15 mil habitantes a 213 km de Salvador, deixou um saldo de oito pessoas mortas, incluindo três adolescentes.

A polícia alegou que houve confronto com um grupo de jovens entre 13 e 23 anos, que estavam armados e seriam ligados a uma facção criminosa.

Dois dias antes, sete pessoas foram mortas em uma ação da polícia em Jauá, praia do litoral norte da Bahia que fica na cidade de Camaçari. A polícia informou que eles eram membros de uma facção criminosa e se preparavam para atacar um grupo rival, quando foram localizados.

Na semana passada, uma criança de dez anos foi morta com uma bala perdida em meio a outra ação policial em Lauro de Freitas.

Gabriel Silva da Conceição Júnior brincava na porta de casa em Portão, bairro da periferia de Lauro de Freitas, quando foi atingido no pescoço por um disparo. Ele chegou a ser levado para o Hospital Geral do Estado, em Salvador, mas não resistiu aos ferimentos.

BAHIA É O ESTADO COM MAIS MORTES EM INTERVENÇÃO POLICIAL

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados em julho apontaram que a Bahia foi o estado que mais registrou mortes decorrentes de intervenção policial em números absolutos no ano passado. Ao todo foram 1.464 ocorrências.

Os números de 2022 fizeram a Bahia superar o Rio de Janeiro e passar a ocupar o posto de polícia que mais mata no país. Desde 2015, o número de mortes registradas como autos de resistência quadruplicou no estado.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia destacou que o total de mortes violentas no estado (homicídios, latrocínios e lesões dolosas seguidas de morte) caiu 5,9% em 2022, com 5.167 registros, ante os 5.594 casos do ano anterior.

A secretaria afirmou que "não coloca homicídio, latrocínio ou lesão dolosa seguida de morte praticado contra um inocente na mesma contagem dos homicidas, traficantes, estupradores e assaltantes, entre outros criminosos, mortos em confrontos durante ações policiais".

"Com relação às mortes em confrontos, a SSP salienta que tem investido em capacitação e inteligência policial, buscando sempre atuar na proteção da sociedade. Reforça que aqueles criminosos que atacam as forças de segurança receberão resposta proporcional e dentro da legalidade", diz a pasta.


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