SÃO PAULO SP (FOLHAPRESS) - Um jovem preso por suposta tentativa de homicídio contra policiais militares que patrulhavam um morro em Santos, na Baixada Santista, baleado durante a Operação Escudo, nega que tenha atirado contra os agentes na tarde de 1° de agosto.

Os PMs afirmam ter encontrado cinco munições de pistola calibre 9 mm perto de onde o suspeito caiu ferido após ser atingido. Pistola, revólver ou fuzil, no entanto, não foram localizados, e as cápsulas foram aceitas pela delegada responsável como prova para pedir a prisão preventiva, acatada pela Justiça.

Segundo o advogado Edson Rodrigues Eduardo, Victor Hugo de Oliveira Veloso, 22, levou dois tiros de fuzil na ação, que o fizeram perder um dos rins. Ele está internado em estado estável em uma unidade hospitalar em Santos.

De acordo com o advogado, Veloso trabalha em uma ONG de reciclagem e nega envolvimento com o tráfico de drogas. À defesa o jovem relatou que seguia para a casa do pai quando viu uma correria pelo morro, então sentiu uma queimação pelo corpo e caiu. Foi nesse momento que os policiais apareceram, ainda segundo seu relato. O advogado diz que pediu um habeas corpus e aguarda a resposta da Justiça.

A delegada solicitou exame residuográfico (teste para a verificar a existência de pólvora) ao policial autor dos tiros, mas não fez o pedido ao homem baleado com a justificativa de que ele estava internado em UTI. Em seu despacho, ela afirma que sua convicção foi fundamentada pelo relato dos PMs e pelos estojos (cápsulas) de pistola coletados no local pelos policiais.

O homem foi atingido depois que uma dupla de policiais foi baleada na cidade. Ambos seguem internados.

De acordo com a versão dos PMs do 2° Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), os agentes estavam em patrulhamento pelo morro do Teteo quando foram avisados por outra equipe de que havia suspeitos armados na região. Durante as buscas, um cabo da PM teria visto dois homens apontando armas para os policiais, e então atirou uma única vez contra os suspeitos. Na sequência, os bandidos teriam disparado diversas vezes contra a equipe, que não revidou.

Instantes depois, ainda segundo os PMs, cápsulas de arma calibre 9 mm e manchas de sangue foram encontradas, e na sequência um homem ferido foi localizado. De acordo com os policiais, o ferido era o mesmo homem que havia apontado a arma contra eles, reconhecido por vestir uma calça de moletom cinza.

Os PMs relataram ainda que o jovem, mesmo ferido, teria admitido que fazia a segurança do ponto de venda de drogas e contado aos policiais que portava uma pistola Imbel 1911 calibre 45 ?tal arma, contudo, não foi apresentada.

"Ele não sabe nem diferenciar um 38 de uma pistola, imagina [dizer] as especificações de uma arma", afirma o advogado do jovem.

Questionada sobre o caso, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) não respondeu à solicitação da reportagem.

O jovem foi socorrido por uma ambulância do Corpo de Bombeiros. Após o socorro, segundo o boletim de ocorrência, outra equipe do Baep teria ido ao local em que o homem foi baleado, onde teria encontrado drogas enterradas em um tonel e mais munições de 9 mm.

O boletim de ocorrência cita que os tiros foram disparados por volta das 14h20, mas a Polícia Civil só foi comunicada pela PM às 20h15.

Os policiais relataram, por fim, que o local estava "prejudicado" para a realização de perícia e alegam que câmeras corporais foram usadas durante toda a ação.


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