BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou duas pessoas nas investigações do estupro da mulher de 22 anos deixada desacordada na porta de casa em Belo Horizonte na madrugada de 30 de julho ao voltar de um show.
Wemberson Carvalho da Silva, 47, é suspeito de estupro de vulnerável e pode pegar até 15 anos de prisão. Ele foi preso em flagrante no dia 31 e, no dia seguinte, sua prisão foi convertida em preventiva (sem prazo). À polícia ele negou o crime, mas ficou em silêncio durante o interrogatório.
O motorista de aplicativo que transportou a jovem até a porta de sua casa, cujo nome não foi divulgado, foi indiciado por suspeita de abandono de incapaz e pode pegar de seis meses a três anos de prisão.
A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos indiciados. O caso tramita em sigilo.
Segundo a delegada responsável pelo caso, Danúbia Quadros, não foi pedida a prisão do motorista porque a lei brasileira prevê essa possibilidade somente para crimes com penas superiores a quatro anos. "Isso não quer dizer que ele não será responsabilizado", declarou a delegada.
Segundo a polícia, ele afirmou acreditar ter feito tudo o que podia naquele momento, e que, depois de deixar a mulher na rua, procurou comprar um isotônico para ela e voltou ao local, mas não a encontrou.
O motorista afirmou também que ficou com receio do que poderia acontecer caso chegasse a algum local, um hospital, por exemplo, com a mulher desacordada.
"Esse estupro poderia ter sido evitado", disse a delegada.
A vítima voltava em um veículo de aplicativo de um show de pagode no Estádio Mineirão e havia consumido bebida alcoólica.
Imagens de câmera de segurança mostram que o motorista estacionou o carro, deixou o veículo e acionou o interfone do prédio em que a mulher mora, na região noroeste da capital.
A passageira permaneceu no carro, desacordada. O motorista não conseguiu falar com ninguém no prédio, retornou ao veículo, retirou a mulher do banco traseiro e a deixa na calçada.
A mesma câmera mostrou, minutos depois, o suspeito de ter cometido o estupro passando pela rua, colocando a mulher nas costas e deixando o local. O homem levou a vítima para um campo de futebol na região. Imagens de outra câmera mostram Wemberson saindo do campo sozinho por volta das 7h.
Segundo a delegada responsável pelas investigações, o suspeito, que não tem antecedentes criminais, teria ficado com a vítima por cerca de três horas no campo, localizado a cerca de 700 metros da casa da mulher.
As investigações apontaram presença de sêmen no corpo da vítima. O suspeito forneceu material genético para confrontação. Os laudos ainda não ficaram prontos. A polícia aguarda também o resultado de exames sobre o que a mulher tomou na noite.
"Independente do que foi consumido, a culpa não é dela. Em momento algum ela colocou seu corpo à disposição de alguém", frisou a delegada.
Em depoimento, a vítima afirmou não se lembrar de nada, mas a polícia não trabalha com a possibilidade de ela ter sido dopada.
Outras duas pessoas também investigadas no estupro da mulher não foram indiciadas pela polícia: o amigo da vítima, que chamou o carro por aplicativo, e o motociclista que foi parado pelo motorista para ajudar a retirar a mulher de dentro do veículo.
O amigo afirmou que a jovem estava acordada quando entrou no carro. Disse ainda que compartilhou a corrida com o irmão da vítima, que mora com ela. Já o motorista disse ter pedido para que o amigo fosse com a mulher. A resposta foi que o irmão a estaria esperando na porta, o que não aconteceu.
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