RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) criticou a atuação da Polícia Militar do Rio de Janeiro em evento ao lado do governador Cláudio Castro (PL), dias após uma sequência de mortes de jovens atribuídas a agentes do estado.

De frente para Castro no palanque, Lula cobrou que a polícia saiba "diferenciar o que é um bandido e o que é um pobre que anda na rua".

"O povo preto, pobre, da periferia, que precisa ser tratado com respeito. Para que nunca aconteça o que aconteceu com um menino de 16 anos, que foi assassinado por um policial despreparado ou irresponsável", disse o presidente.

"A gente não pode culpar a polícia, mas temos que dizer que um cidadão que atira num menino que já estava caído não estava preparado do ponto de vista psicológico para ser policial."

Ele se referia à morte do menino Thiago Flausino, 13, no domingo (6), na Cidade de Deus. Familiares afirmam que ele foi baleado quando passava dirigindo uma moto por uma barreira policial. De acordo com parentes, um policial também atirou quando o jovem estava deitado ferido no chão. A Divisão de Homicídios e a PM apuram o caso.

Na madrugada do mesmo dia, um jovem morreu baleado por um PM na saída de um baile funk no morro do Santo Amaro, no Catete, na zona sul da cidade.

Lula afirmou não responsabilizar o governador e disse que quer contribuir na melhoria da formação de policiais.

"Precisamos criar condições, governador. E o presidente da República quer ter responsabilidade com você. Nós precisamos criar condições da polícia ser eficaz, pronta para combater o crime", disse ele.

"Essa polícia precisa saber diferenciar o que é um bandido e o que é um pobre que anda na rua. E para isso precisa estar ser bem formada. Não estou jogando culpa a nenhum governador. O governo federal tem que assumir responsabilidade a ajudar os governadores a combater a violência, porque o crime organizado está tomando conta do país."

Lula foi anunciar a parceria de R$ 2,6 milhões entre o governo federal e a prefeitura do Rio de Janeiro.

De acordo com a gestão municipal, os recursos serão usados para a compra de quase 700 ônibus, a requalificação do corredor de ônibus Transoeste e a construção de terminais e garagens públicos.

Parte da verba também será destinada para a construção de um anel viário em Campo Grande, na zona oeste da cidade, investimento de cerca de R$ 1 bilhão. O bairro, um dos mais populosos da cidade, foi onde Paes teve seu pior resultado na eleição de 2020 contra o ex-prefeito Marcelo Crivella. O ex-presidente Jair Bolsonaro também venceu Lula na região no ano passado.

Ao longo do evento, Castro, que apoiou Bolsonaro no ano passado, foi vaiado sempre que mencionado nos discursos. Lula defendeu o governador fluminense.

"O governador do Rio foi meu adversário nas eleições. Mas agora acabou. Ele é governador e é com ele que temos que fazer acordos", disse o presidente.

Castro não discursou e aplaudiu as falas de Lula que mencionavam investimentos e parcerias. Durante a sequência de críticas a Bolsonaro, o governador ficava de cabeça baixa sem aplaudir.


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