SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Cerca de cem pessoas protestaram no início da noite desta sexta-feira (18) contra a violência no centro de São Paulo. O ato reuniu moradores da região e representantes de associações e de movimentos sindicais.
Com velas, bandeiras e um caminhão de som, o grupo ocupou durante pouco mais de uma hora parte da escadaria do Theatro Municipal Três carros da Polícia Militar, estacionados na calçada do teatro, acompanharam a manifestação.
No revezamento de discursos, os manifestantes lembraram a morte do porteiro João da Silva Sousa, 54. Na última terça (15), ele foi atacado no largo General Osório, na região da cracolândia, quando saía do trabalho.
Suspeita-se que ele tenha sido atingido por um usuário de drogas, que utilizou um objeto perfurante.
"É o terceiro caso de morte de que temos conhecimento", afirmou o prestador de serviços Charles Souza, da Associação Geral do Centro. "Esse ato é para os Joões que saem do trabalho e para as crianças que têm suas mochilas roubadas."
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), defendeu que se crie uma espécie de comitê de crise com representantes de governos, Ministério Público e Judiciário para enfrentar a cracolândia e seus efeitos. "O centro de São Paulo é um lugar emblemático, mas as pessoas têm medo de vir aqui."
Ele esteve à frente de outro ato realizado nesta semana, na rua Santa Ifigênia. Patah voltou a repetir que pelo menos 20 mil pessoas perderam emprego por causa do afastamento de consumidores do centro.
"Aqui funcionava até a meia-noite ", disse, apontando o prédio da antiga loja de departamentos Mappin, em frente ao Theatro Municipal.
A maioria dos que discursam defende o combate ao tráfico de drogas e a internação compulsória dos usuários de drogas.
"É preciso cobrar o Ministério Público e a Defensoria Pública", afirmou Saul Nahmias, presidente do Conseg (Conselho de Segurança) do Bom Retiro. "O centro todo precisa estar unido."
Com uma camiseta preta com a frase "Salve o centro", Maria Inês, 63, recusou-se a falar seu sobrenome com medo de sofrer algum tipo de perseguição.
Moradora há 40 anos dos Campos Elíseos, onde se concentra o fluxo de usuários da cracolândia, ela evita caminhar pelo entorno de sua casa. "Quando saio já entro rápido no carro."
Mas ela ainda tem a expectativa de que o problema seja solucionado. "Se eu perder a esperança, vou embora daqui, mas acho que um dia vão resolver o problema"
O casal Vanderlei e Júlia Piva, 43 e 38 anos respectivamente, voltavam de compras na Galeria do Rock e parou em frente ao protesto para ouvir o fim dos discursos.
"O centro é muito lindo, mas precisa de polícia e limpeza", afirmou Júlia. Os dois moram em Santana, na zona norte. "Espero que esses protestos ajudem", completou o marido.
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