SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Exames realizados por peritos no corpo do são-paulino Rafael dos Santos Tercilio Garcia, 32, indicam que a munição de bean bag que o acertou na parte de trás da cabeça foi disparada a curta distância. O torcedor morreu na noite de domingo (24) em um hospital no Campo Limpo, zona sul de São Paulo.
A reportagem apurou que a perícia indica uma distância de ação de cerca de 2 metros entre a arma e a cabeça do jovem. Documento da PM, contudo, orienta disparos com bean bag a partir de 6 metros de distância do alvo. Além disso, tiros na região da cabeça e do peito não são recomendados. Os policiais que portam tal armamento passam por capacitação específica e devem sempre mirar nos membros inferiores.
A suspeita da Polícia Civil é que o tiro que atingiu Garcia pode ter sido disparado por um policial militar. A PM, que utiliza esse tipo de munição desde 2021, confirmou o uso de bean bag durante a dispersão de torcedores do São Paulo que naquela noite comemoravam o título da Copa do Brasil no entorno do estádio do Morumbi.
A reportagem enviou pedido de manifestação à SSP (Secretaria da Segurança Pública) e aguarda resposta.
A investigação é conduzida pelo departamento de homicídios. A delegada Ivalda Aleixo, diretora do departamento, confirmou que uma bean bag acertou o torcedor, que teve traumatismo craniano.
No sábado (30), seis dias após a morte de Garcia, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou ser prudente a revisão dos protocolos.
"Quando acontece um acidente, ele vai ter acontecido por quebra de protocolo. O protocolo estabelece distância de segurança para utilização de armamento não letal. Então, isso vai ser completamente investigado, para fazer os ajustes em termo de procedimento que tem que ser ajustados", disse Tarcísio em entrevista à rádio CBN.
A Folha de S.Paulo antecipou a informação de que Garcia foi morto por uma bean bag, um tipo de saco que encobre diversas esferas de metal. A reportagem teve acesso a imagens de dentro do hospital onde Garcia era atendido.
Conforme documento assinado por um médico legista, ao ser baleado, Garcia, que era surdo, estava com um boné na cabeça, que foi perfurado.
O torcedor foi encontrado desacordado por policiais militares logo após uma confusão nas imediações do estádio Cícero Pompeu de Toledo.
Ao menos oito PMs ficaram feridos na mesma ação, entre eles um sargento. Eles estão identificados em boletim de ocorrência, o que pode auxiliar na investigação.
A versão para os fatos foi dada por um tenente. Outros policiais que participaram da ação de dispersão e que são identificados como "parte" do fato são cabos e soldados.
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