SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A reitoria da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) determinou a abertura de um processo administrar disciplinar para apurar a conduta do professor Rafael de Freitas Leão, detido na terça-feira (2) sob suspeita de ameaçar alunos com uma faca. O processo pode culminar na demissão do docente.

O IMECC (Instituto de Matemática Estatística e Computação Científica), unidade da qual Leão é docente, também determinou que ele fique afastado das atividades didáticas até o fim do ano -período no qual deve ser concluída a sindicância que vai apurar o caso.

Na manhã de terça, Leão foi detido pela Polícia Militar por suspeita de ameaçar estudantes que estavam em paralisação na universidade.

Segundo o DCE (Diretório Central dos Estudantes), os alunos entraram na sala em que Leão dava aula, para comunicar a decisão de paralisação, quando ele sacou uma faca e os ameaçou.

Em um vídeo, gravado por outros estudantes, é possível ver o momento em que o professor sai correndo por um corredor das salas de aula com a faca em mãos em direção a um dos alunos. O jovem entra em confronto com o docente para desarmá-lo, e só então dois seguranças da universidade aparecem para conter o docente.

A Polícia Civil registrou apenas um termo circunstanciado, em que o professor aparece como vítima. O registro policial trazia a versão, apurada pela PM, de que o professor chegou à universidade para dar aula, quando foi impedido por um grupo de alunos. "O professor foi derrubado no chão e usou um spray de pimenta e uma faca para se defender", diz o registro.

O caso foi registrado como lesão corporal e incitação ao crime.

Segundo a direção do IMECC, Leão ministrava duas disciplinas no instituto neste semestre, uma na graduação e outra na pós-graduação. Ele será substituído por outros docentes da unidade.

A reitoria da Unicamp informou que o prazo para a conclusão do processo administrativo é de 60 dias, com a possibilidade de prorrogação por igual período. O reitor da universidade, Antonio José Meirelles, disse que determinou abrir o processo por conta da "materialidade verificada e a autoria definida".

Um relatório elaborado pela Secretaria de Vivência nos Campi, órgão responsável pela segurança da Unicamp, apontou que o professor estava com a faca e um spray de pimenta.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Meirelles já havia dito que a postura do professor é inadmissível. Segundo ele, o episódio foi um dos mais tristes da história da universidade.

"Foram posturas não democráticas dos dois lados que estavam nessa disputa. Não é possível um professor vir para a universidade com um spray de pimenta e uma faca. Isso é inadmissível. Assim como é inadmissível, alunos ou pessoas de fora impedirem a realização de atividades", disse Meirelles.


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