RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A ação dos criminosos que mataram na madrugada desta quinta-feira (5) três médicos num quiosque da praia da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, durou exatos 27 segundos.
Foi neste intervalo que três pessoas desembarcaram do carro, dispararam contra as vítimas, e retornaram para o veículo para a fuga. Um quarto envolvido aguardava no volante para sair em disparada.
Marcos de Andrade Corsato, 62, Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, e Perseu Ribeiro Almeida, 33, morreram na ação. Daniel Sonnewend Proença, está internado no Hospital Municipal Lourenço Jorge, para onde foi levado após ser baleado. Ele foi atingido por disparos na perna. Segundo a Secretaria de Saúde do Rio, o estado de saúde dele é estável.
COMO O CRIME ACONTECEU?
Os quatro médicos estavam no quiosque Nana 2 na orla da Barra da Tijuca conversando, comendo e bebendo quando, às 0h50, um carro parou na avenida Lúcio Costa. Três pessoas vestidos de roupas escuras desembarcaram correndo do veículo e atiraram contra as vítimas --uma quarta pessoa permaneceu no veículo.
Imagens da câmera de segurança do quiosque mostra que as vítimas não notaram a aproximação dos criminosos até o momento do primeiro disparo. A ação dos criminosos durou 27 segundos. Segundo a polícia, foram recolhidos 33 estojos de pistola 9 mm no local do crime.
Uma testemunha que estava no quiosque e prestou depoimento à polícia afirmou que não houve anúncio de assalto antes dos disparos e nenhum pertence das vítimas foi levado pelos criminosos.
Mais testemunhas estão sendo ouvidas e imagens de câmeras de segurança são analisadas para identificar o veículo que transportou os suspeitos. A polícia também apreendeu os celulares das vítimas.
QUAIS SÃO AS HIPÓTESES PARA O CRIME?
Investigadores ouvidos pela reportagem dizem que a hipótese de execução ganhou força pois é possível ver nas imagens de câmeras de segurança que os criminosos que desceram do veículo atirando. Eles também voltaram até o quiosque para realizar mais disparos, em prática conhecida como "confere", na qual o assassino realiza mais disparos para se certificar da morte de seu alvo.
A suspeita da polícia é de que, pelos ferimentos, os assassinos tenham mirado na região do coração das vítimas, reforçando a tese de que o caso foi uma execução. Apenas o laudo oficial, porém, poderá confirmar quantos disparos atingiram as vítimas. A necrópsia ficará sob sigilo até a conclusão do caso. Os corpos estão no IML (Instituto Médico Legal) do Rio de Janeiro.
ALGUM DELES JÁ TINHA RECEBIDO AMEAÇAS?
Os celulares dos médicos foram apreendidos e irão passar por perícia. Não foi divulgado se algum deles tinha sofrido alguma ameaça. Os policiais não descartam a possibilidade deles terem sido mortos por engano.
POR QUE SE DISCUTE A FEDERALIZAÇÃO DO CASO?
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que a Polícia Federal vai acompanhar o caso, mas não falou em federalização das investigações até o momento. O envolvimento da corporação se deve, segundo o ministro, ao fato de Diego Bomfim ser irmão da deputada Sâmia Bomfim (PSol), casada com o deputado Glauber Braga (PSol).
"Em face da hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais, determinei à Polícia Federal que acompanhe as investigações sobre a execução de médicos no Rio. Após essas providências iniciais imediatas, analisaremos juridicamente o caso. Minha solidariedade à deputada Sâmia, ao deputado Glauber e familiares", escreveu o ministro.
A possibilidade de ser um crime de conotação política foi esvaziada pelo deputado Tarcísio Motta (PSol), pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro.
"Nada indica isso [uma execução por razões políticas] até aqui. Estamos trabalhando com muita cautela. É preciso esperar o avanço da investigação policial", disse ele à colunista Mônica Bergamo.
O médico que sobreviveu ao ataque, Daniel Sonnewend Proença, está internado no Hospital Municipal Lourenço Jorge, para onde foi levado após ser baleado. Ele foi atingido por disparos na perna. Segundo a Secretaria de Saúde do Rio, o estado de saúde dele é estável.
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