CAMPO GRANDE, MS (FOLHAPRESS) - Outubro mal começou e Mato Grosso do Sul registra 147 focos de incêndios, grande parte deles no pantanal. Os quatro municípios do estado que formam o bioma estão na lista de incidência de focos com alto risco, o que representa situação de alerta máximo para brigadistas.
Os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que o número de focos de incêndio até a quarta-feira (4) em Mato Grosso do Sul já é mais que o triplo do registrado em igual período de setembro, quando foram detectados 40 pontos de calor.
No dia 18 de setembro, um incêndio devastou área de 500 hectares em Bonito (MS), próximo ao rio Formoso. Já no final de setembro e início de outubro, o fogo atingiu a região chamada de Pantanal do Paiaguás, em Corumbá (MS).
O fogo está sob controle no local, mas ainda é monitorado pelas equipes do Corpo de Bombeiros. O total devastado não foi divulgado.
Dos focos atuais, segundo consulta ao boletim do Inpe, 108 estão em Porto Murtinho, município que compõem uma das 11 subregiões que formam o pantanal em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Apesar de representar uma porção pequena, aproximadamente 3% do bioma, é considerado um foco preocupante: há queimadas registradas dentro da Terra Indígena Kadiwéu, com área de 539 mil hectares e de difícil acesso.
O coordenador estadual do PrevFogo, Márcio Yule, órgão ligado ao Ibama (Instituto Brasileiro Natural e de Recursos Renováveis), diz que a situação é de alerta.
Além dos 48 brigadistas, indígenas residentes da área, outros cinco reforçaram o combate às chamas desde o dia 29.
Nesta quinta-feira (5), o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade) previu o envio de equipamentos para a terra kadiwéu, entre eles um veículo UTV (semelhante a um quadriciclo) que auxilia no acesso às áreas dentro da aldeia, onde residem 1.607 indígenas.
Yule explica que há previsão de chuva para o estado no domingo (8), mas, antes disso, na sexta-feira (6), os termômetros vão subir ainda mais. A previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) indica que, em Porto Murtinho, por exemplo, a máxima pode chegar a 42°C, assim como em Miranda e Aquidauana, e, em Corumbá, a 43°C.
Na última cidade, o Inpe registra 26 focos de incêndio. O presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Ângelo Rabelo, diz que as equipes de brigadistas estão de prontidão. "As temperaturas estão altíssimas e os ventos fortes, diários."
O instituto tem monitoramento por satélite que, segundo Rabelo, tem contribuído para identificar as queimadas e iniciar o combate. As equipes estão na Serra do Amolar, combatendo pequenos focos e reforçando aceiros (áreas sem vegetação que evitam a propagação do fogo).
Yule lembra que, c om a queimada de 2020, quando 3,909 milhões de hectares do pantanal foram devastados pelo fogo, houve mobilização dos governos, ONGs e sociedade civil, com treinamento de brigadistas, residentes das áreas de risco, além de compra de equipamentos. "Infelizmente, teve que acontecer isso para servir de alerta".
O sinal vermelho de prontidão deve perdurar até que se inicie o ciclo regular das chuvas. "Antigamente chovia a partir da segunda quinzena de setembro, mas faz tempo que isso não ocorre mais", destaca.
A preocupação agora é quando vai ter início esse ciclo regular. Em 2020, depois da devastação de agosto a novembro, a chuva começou apenas a partir da segunda quinzena de novembro. "Espero que isso não aconteça este ano."
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