RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A operação que as polícias realizam nesta segunda-feira (9) em comunidades do Rio de Janeiro tinha como objetivo cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho, segundo a Polícia Civil, mas apenas 6 foram cumpridos.
Apesar do número, José Renato Torres, secretário da Polícia Civil, disse que a ação foi bem-sucedida.
"Toda a atividade de inteligência integrada está tentando identificar os demais integrantes dessa quadrilha. Não é por números que a gente mede se a operação foi profícua ou não", afirmou. "Eu considero a operação extremamente exitosa", acrescentou.
Ao todo, nove pessoas foram presas na operação -seis tinham mandado de prisão, e os outros três foram em flagrante.
As polícias Civil e Militar realizaram ações simultâneas em diferentes comunidades do Rio -Maré, Penha e Cidade de Deus- para cumprir mandados de prisão, entre eles de suspeitos ligados aos assassinatos a tiros de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste.
Mais cedo, Torres disse que o setor de inteligência havia constatado que os alvos da ação na Maré tinham fugido para a Vila Cruzeiro e para Cidade de Deus, e por isso expandiram a operação.
"Foi detectado que os chefes dessa comunidade [da Maré], que pertencem à mesma facção, migraram pesadamente para Vila Cruzeiro e para Cidade de Deus. Por acaso reduto dos marginais que saíram para matar os médicos na Barra da Tijuca", afirmou.
Questionado sobre se as forças de segurança vão expandir incursões para outras comunidades, o secretário disse apenas que haverá desdobramentos contra a facção.
Durante a ação desta segunda, dois helicópteros da polícia foram atingidos por tiros. As aeronaves tiveram que pousar, e um policial civil ficou ferido ao ser atingido por estilhaços. Um dos helicópteros voltou a operar após o ataque, segundo o governo do estado.
As aeronaves sobrevoavam a Vila Cruzeiro, na Penha. O helicóptero da PM foi atingido no vidro da frente, e o da Civil, no tanque de combustível. Os dois pousaram em um terreno que pertence à Marinha, na avenida Brasil.
Ainda segundo o governo do estado, mil policiais atuaram na operação.
MORTE DE MÉDICOS
O crime aconteceu na madrugada da última quinta (5), em frente ao Windsor Hotel, área nobre da Barra da Tijuca. Toda a ação durou 27 segundos e foi registrada por câmeras de segurança.
Os ortopedistas Marcos de Andrade Corsato, 62, Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, Perseu Ribeiro Almeida, 33 e Daniel Sonnewend Proença, 32, aparecem sentados em uma mesa do quiosque quando três homens descem de um carro branco parado do outro lado da via e começam a atirar no grupo. Somente Proença sobreviveu.
Após balearem os quatro ocupantes da mesa, os criminosos voltam correndo para o veículo e vão embora sem roubar nada. Uma testemunha que estava no local e prestou depoimento afirmou que não houve anúncio de assalto antes dos disparos.
A principal linha de investigação é a de que um dos médicos foi confundido com um miliciano rival ao grupo de atiradores.
Com o erro constatado e a repercussão, os traficantes teriam feito um "tribunal do tráfico". O chefe do Comando Vermelho na Penha, Edgar Alves, o Doca ou Urso, teria ordenado a morte de todos e avisado a polícia por intermédio de informantes, de acordo com investigadores. Os corpos foram encontrados na zona oeste.
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