Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) em greve e representantes da reitoria reúnem-se novamente nesta terça-feira (10) para discutir a pauta de reivindicações. As demandas estudantis estão focadas principalmente na contratação de docentes e na reativação do gatilho automático, que liberava a contratação de um professor para substituir um outro em caso de aposentadoria, exoneração ou morte. Eles pedem ainda o aumento das bolsas para permanência na universidade e melhorias no acesso dos indígenas na instituição.

Segundo a Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), a instituição de ensino, que contava com cerca de 6 mil professores em 2014, agora em 2023 tem cerca de 4,9 mil. Levantamento divulgado pela associação mostra que no período de 2014 até agosto de 2023, o corpo docente da USP encolheu 17,5%.

Já no período de 1995 a 2022, ainda segundo a entidade, o número de cursos de graduação cresceu 150%; as vagas na graduação aumentaram mais de 60%; o número de estudantes matriculados na graduação cresceu 80% e, na pós-graduação, 50%; e os títulos de mestrado e doutorado cresceram mais de 100%.

Segundo a presidente da Adusp, Michele Schultz, as cerca de 800 contratações de professores anunciadas pela reitoria não suprem a necessidade da instituição. “Continua havendo perdas, as pessoas continuam morrendo, se aposentando, sendo desligadas por exoneração ou outro motivo. Desde janeiro de 2022, segundo o nosso levantamento, 305 professores deixaram a universidade”, disse.

Assembleia

A Adusp fará uma assembleia na tarde desta terça-feira para avaliar a negociação entre os estudantes e a reitoria e para decidir pela suspensão ou continuidade da paralisação.

Em um vídeo divulgado no dia 4, o reitor Carlos Gilberto Carlotti falou sobre o orçamento da universidade, a contratação de docentes efetivos e temporários, o programa de permanência e formação estudantil, as ações de melhoria do Conjunto Residencial da USP (Crusp) e a uniformização do funcionamento dos restaurantes universitários.

Em seu comunicado, o reitor disse que tem procurado estudar o impacto que o comprometimento financeiro pode gerar nos próximos 4 anos, pelo menos, e que na atual gestão tomou algumas decisões com o conhecimento e aprovação da Comissão de Orçamento e Patrimônio e do Conselho Universitário.

“Fizemos a reposição salarial correspondente às perdas havidas desde 2018 até o momento. A justificativa para realizarmos tal reposição foi o impedimento da gestão anterior de realizá-la durante a pandemia da covid-19. Implantamos o plano de saúde para nossos servidores, com adesão superior a 80%. Iniciamos a reposição do quadro docente, buscando recompor o número existente em janeiro de 2014, o que corresponde a aproximadamente 6 mil docentes. Iniciamos a reposição do quadro de servidores, tomando como base o número de servidores existente após o término do PIDV”, informou no comunicado.

Segundo Carlotti, o número de aposentados em 2022 foi de 148 docentes, e a proposta de reposição será submetida à apreciação da Comissão de Orçamento e Patrimônio e do Conselho Universitário. “As unidades poderão solicitar a contratação de professores temporários até a nomeação dos definitivos. Isso significa que, somadas às 879 vagas já destinadas, a USP admitirá 1.027 novos professores e professoras. As novas vagas serão dirigidas às diferentes unidades para a recomposição de suas perdas. A Pró-reitoria de Graduação acompanhará o processo de distribuição das vagas, interagindo com as unidades e discutindo dados que possam orientar os departamentos, para evitar que disciplinas obrigatórias de graduação deixem de ser ministradas”, explicou o reitor.

Tags:
Adusp | Educação | Estudantes | greve | professores | USP

Rovena Rosa/Ag..ncia Brasil - Ato dos estudantes da USP

Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!