SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Funcionários do Metrô de São Paulo marcaram uma assembleia para a noite desta quarta-feira (25), que pode deflagrar uma nova greve no transporte na semana que vem.

A convocação para a assembleia ocorre após o Metrô anunciar nesta terça-feira (24) a demissão de cinco operadores de trens por causa da paralisação surpresa de metroviários do último dia 12.

Ao todo nove funcionários sofreram punições. Além dos cinco demitidos, um foi suspenso por 29 dias e outros três, que contam com estabilidade sindical, serão suspensos sem remuneração para serem submetidos a inquérito perante o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que segundo o Metrô vai apurar a ocorrência de falta grave e decidir sobre demissão.

"Convocaremos a categoria para organizar a luta contra as demissões, privatizações e terceirizações", disse comunicado do Sindicato dos Metroviários divulgado após o anúncio do Metrô.

"A categoria está revoltada", afirmou a presidente do sindicato, Camila Lisboa, sobre a possibilidade de se aprovar uma nova greve na próxima semana, durante a assembleia desta quarta.

Segundo ela, as demissões são uma retaliação do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) aos funcionários do Metrô por causa dos movimentos contra privatizações e terceirizações.

No último dia 3, trabalhadores do metrô, CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp (Companhia de Saneamento de São Paulo) cruzaram os braços durante 24 horas, em greve contra projetos de privatizações no transporte coletivo e na empresa de saneamento.

Na época, Tarcísio afirmou que as greves eram políticas e defendeu os estudos para privatizações -no caso da Sabesp, projeto que trata a concessão foi enviado à Assembleia Legislativa na semana passada.

O protesto do dia 12, feriado do Dia de Nossa Senhora Aparecida, paralisou o metrô durante três horas por causa de advertências a trabalhadores da linha 2-verde, consideradas injustas pelos metroviários.

"Ele tenta quebrar as pernas da categoria, que luta contra as privatizações", afirmou Lisboa, após reunião convocada pelo sindicato na tarde desta terça. Ela afirma acreditar que será possível reverter as demissões.

No comunicado, o sindicato já considera os três sindicalistas como demitidos (cita oito demissões) e chama a atitude de intempestiva, arbitrária e antissindical.

Em nota nesta terça, o Metrô afirmou que avalia outros casos e não descarta novas punições.

A empresa estatal disse que a decisão foi baseada em provas compostas por imagens, áudios e relatórios que indicaram a conduta irregular dos nove profissionais.

"A direção da companhia avaliou que a paralisação atendeu apenas a interesses privados e descumpriu a legislação por ter sido implementada sem aviso prévio e sem qualquer autorização neste sentido pela assembleia da categoria dos metroviários", disse o Metrô.

No texto, a estatal afirmou que os nove empregados punidos alegaram protestar contra advertências recebidas por outros três trabalhadores da linha 2-verde. "Tais advertências não implicavam em demissão ou redução de salários."

Se aprovada, a nova greve será a terceira no metrô de São Paulo neste ano. A primeira delas, de 34 horas, foi em março. A principal reivindicação era salarial.

No último dia 6, a categoria rejeitou uma paralisação, proposta por causa de editais de terceirizações do Metrô, para cargos de agentes de estações e no pátio Oratório da linha 15-prata do monotrilho.


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