BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou, nesta quarta-feira (25), o Rio de Janeiro à Faixa de Gaza, região do Oriente Médio que passa por guerra há quase 20 dias.
O chefe do Executivo disse ainda que o conflito com milicianos na capital fluminense é problema do país e que precisa de solução. A declaração foi dada durante discurso na primeira reunião do Conselho da Federação. O evento contou com a presença de governadores, prefeitos e parlamentares, no Palácio do Planalto.
Ainda nesta quarta, os ministros José Múcio (Defesa), Flávio Dino (Justiça) e Rui Costa (Casa Civil) se reúnem com os três comandantes das Forças Armadas para definir os detalhes do envio de tropas ao Rio de Janeiro.
Na terça (24), Lula disse que espera colocar as Forças Armadas para atuar em portos e aeroportos para combater o crime organizado.
Segundo o ministro da Justiça, a ideia é que haja uma atuação pontual dos militares nessas áreas. A avaliação na pasta é que a rota de tráfico passa por ar e mar, dessa forma Aeronáutica e Marinha teriam meios para ajudar a conter os ilícitos nesses locais.
Esse auxílio dos militares faz parte das medidas de reforço no controle de portos e aeroportos previsto no plano de combate ao crime organizado, lançado neste mês.
Nesta quarta, Lula frisou que o governo federal precisa auxiliar no combate à criminalidade no Rio.
"O problema da violência no Rio de Janeiro, era muito fácil eu ficar vendo aquelas cenas que ontem apareceram na televisão e antes de ontem, que parecia a própria Faixa de Gaza de tanto fogo e de tanta fumaça, e dizer 'é um problema do Rio de Janeiro, é um problema do prefeito Eduardo Paes, é um problema do governador [Claudio] Castro'. Não. É um problema do Brasil. É um problema nosso que nós temos que tentar encontrar a solução", disse o mandatário.
As imagens a que Lula se refere são as de ao menos 35 ônibus e um trem incendiados no Rio de Janeiro na segunda-feira (23). Os ataques aos veículos foram uma resposta à morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, um dos líderes da maior milícia do estado.
A situação deixou o trânsito caótico na zona oeste da cidade, com oito bairros afetados -diversas vias foram fechadas. Com isso, as estações ficaram lotadas de passageiros tentando retornar para casa. Filas com dezenas de pessoas se formaram também em pontos de ônibus.
Castro determinou que todas as forças policiais estejam nas ruas do estado para garantir a segurança e a circulação da população. Segundo o governador, metade dos detidos ontem já foi colocada em liberdade.
"Das 12 pessoas que foram detidas ontem, 6 foram confirmadas a prisão. Temos indícios de autoria e materialidade. Outras seis, por falta de indícios foram soltas, mas, as investigações e o monitoramento dessas pessoas continuam", afirmou a jornalistas, na terça-feira (24).
A polícia não conseguiu provar que eles estavam envolvidos nos ataques em represália à morte do miliciano Matheus da Silva Rezende, o Faustão. Os outros seis presos serão indiciados por terrorismo, e a denúncia contra eles será encaminhada ao Ministério Público.
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