BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A pressão sobre a gestão Lula (PT) e o governo do Rio diante da crise de segurança no estado levou o Ministério da Justiça e o governador Cláudio Castro (PL) a articular a inclusão do Ministério da Fazenda no plano em elaboração de combate a organizações criminosas.

Os detalhes sobre como se daria a contribuição da Fazenda ainda não foram concluídos. A ideia em estudo é que alguns órgãos da pasta possam ajudar na fiscalização e no controle na parte de crimes financeiros envolvendo facções. Um dos focos seriam delitos relacionados a atividades dessas organizações em regiões de fronteira ?por onde entram armas e drogas.

Cláudio Castro disse nesta quarta-feira (25) que conversou com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, sobre a criação de um gabinete integrado de lavagem de dinheiro. Segundo o governador, o grupo contará com a atuação integrada entre Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiros) e a Polícia Civil do Rio. O objetivo, disse, é "saber de verdade quem está lavando dinheiro para a milícia".

"Acreditamos que só através da investigação, da prisão de líderes, da asfixia financeira, do combate à lavagem de dinheiro, e também da proteção das nossas fronteiras para que armas e drogas não entrem é que vamos conseguir fazer o combate a essas organizações", afirmou o governador, depois de uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A expectativa é que representantes do Ministério da Fazenda já participem de uma reunião prevista para a próxima semana com os três comandantes das Forças Armadas e os ministros Flávio Dino (Justiça), José Múcio (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil).

Também nesta quarta, Flávio Dino disse que será apresentado um plano conjunto a Lula sobre a crise. De acordo com o ministro, o estudo para o uso das Forças Armadas na segurança está em conclusão e terá foco na atuação em três áreas: portos, aeroportos e regiões de fronteira.

A segurança nos estados é motivo de grande preocupação para Lula e se tornou uma prioridade nesta semana, após 35 ônibus e um trem serem incendiados na zona oeste do Rio em resposta à morte de um líder da milícia.

O ataque foi o maior já registrado contra o transporte público fluminense e causou caos na cidade, com vias fechadas e estações de transporte lotadas.

governo decidiu que vai mobilizar mais militares para ajudar no Rio e estuda uma série de opções. Por ora, está previsto o reforço de integrantes da Marinha na Baía Guanabara.

Os militares já atuam na região. O objetivo é aumentar o número de fardados para conter crimes cometidos nos municípios que circundam a baía, como Duque de Caxias, São Gonçalo, Niterói, Magé e o próprio Rio de Janeiro.

Em outra frente, de acordo com o plano em elaboração, as Forças Armadas serão acionadas para atuar em aeroportos e também em fronteiras consideradas sensíveis, como a do Paraguai. Integrantes do governo dizem que há suspeitas de que armas contrabandeadas passem pelo país vizinho.

A intenção de atuar nas fronteiras, por exemplo em Mato Grosso e Paraná, seria justamente a de tentar impedir que os armamentos cheguem ao Rio.

Cláudio Castro, por sua vez, reivindica que agentes da União atuem também nas estradas federais que cortam o estado do Rio, inclusive para a proteção das divisas. Aliados do governador defendem que o Exército atue nessa frente. Isso incluiria rodovias que atravessam a Baixada Fluminense e chegam até a Linha Vermelha, via que circunda o Complexo da Maré e é marcada por conflitos entre traficantes e policiais.

Militares, porém, afirmam que seria necessário decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para que o Exército atue em estradas federais ?hipótese rechaçada pelo governo estadual e pelo Planalto.

As medidas foram debatidas nesta quarta durante reunião entre Dino, Múcio, Rui Costa e os comandantes das Forças. Na ocasião, o governo pediu que os militares apresentem um plano de ação para combate à criminalidade no Rio sem que seja necessário um decreto de GLO.

O governo quer aproveitar iniciativas já em curso pelas Forças Armadas sem precisar de novos dispositivos legais.

Castro tem repetido em conversas que espera que o governo federal apenas cumpra seu papel, rejeitando, neste momento, uma intervenção maior do Executivo Federal na condução da segurança no estado.

A área de segurança no Rio esteve sob intervenção federal em 2018, durante o governo Michel Temer (MDB).

Uma ação mais incisiva do governo Lula no auxílio ao Rio divide aliados do presidente. Enquanto uma ala afirma que o governo federal não deveria assumir a responsabilidade que é do estado, outra avalia que o Executivo Federal será responsabilizado por eventuais fracassos na operação.

VEJA AÇÕES ESTUDADAS PELO GOVERNO NO COMBATE AO CRIME ORGANIZADO NO RIO

Reforço de militares da Marinha na Baía de Guanabara, por onde drogas e armas poderiam ser transportadas em barcos;

Reforço de militares em portos e aeroportos;

Incremento de militares em fronteiras consideradas sensíveis, como a do Paraguai, apontadas como meio de entrada de armas e drogas;

Auxílio do Ministério da Fazenda no combate a crimes financeiros;

Reforço da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal nas estradas federais;

Ampliação do número de integrantes da Força Nacional em atuação no Rio de Janeiro.


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