RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) fez uma revisão que chamou de residual nos dados iniciais do Censo Demográfico 2022, publicados no dia 28 de junho de 2023. Com a alteração, a população brasileira registrada na contagem teve um acréscimo de 18,2 mil pessoas.

Em junho deste ano, o IBGE havia divulgado que o país tinha 203.062.512 habitantes em 2022. Após o ajuste, o número subiu para 203.080.756. O aumento foi de 0,009%, conforme as informações publicadas nesta sexta-feira (27) pelo instituto.

O coordenador técnico do Censo, Luciano Duarte, disse a jornalistas que a alteração já era planejada pelo IBGE e que a medida está alinhada a uma política de boas práticas e revisão de dados do órgão.

"Por ser [uma mudança] residual, qualquer análise que já tenha sido realizada com base nessas informações não vai ser invalidada", afirmou.

"É uma questão de boa prática, de entregar a informação mais próxima da realidade e dentro daquilo que a gente reviu e conseguiu acertar", completou.

O IBGE chamou a medida de "segunda apuração" e declarou que houve "pequenas alterações" na população de 566 municípios brasileiros. Os ajustes não teriam sido feitos anteriormente em razão da falta de tempo hábil às vésperas da divulgação inicial, indicou o instituto.

De acordo com o órgão, a revisão foi motivada por fatores como a necessidade de corrigir problemas pontuais da coleta dos dados.

"Em alguns setores censitários, em alguns municípios, foi necessário que recenseadores fossem lá e corrigissem o trabalho, para fazer as revisões de forma correta", disse Duarte.

"Outro procedimento foi de gabinete, de sistema. Alguns recenseadores coletaram questionários fora da sua área de trabalho. Eles tiveram de ser transferidos para dentro da área de trabalho corretamente, porque uma informação importante que estaremos entregando é das coordenadas geográficas", acrescentou.

O IBGE também indicou que, após a revisão, o número de domicílios recenseados no Brasil aumentou em quase 16,6 mil. A quantidade passou de 90.688.021 para 90.704.582.

O instituto ainda planeja fazer revisões nos dados do Censo já divulgados sobre as populações quilombola e indígena. A data da publicação dos possíveis ajustes nesses dois grupos ainda não foi confirmada.

O Censo 2022 sofreu com atrasos e rejeição de parte da sociedade na hora de repassar as informações solicitadas pelo IBGE.

A contagem da população brasileira começou em 1° de agosto de 2022. Inicialmente, o órgão planejava finalizar a coleta em três meses, até outubro do ano passado.

O instituto, contudo, encontrou uma série de dificuldades para avançar nos trabalhos. Assim, a fase de apuração do Censo, que incluiu coletas residuais, só foi encerrada em maio de 2023.

No começo do trabalho, recenseadores reclamaram de atrasos em pagamentos e de valores menores do que os esperados. Com isso, houve desistências de profissionais e até ameaças de greve de parte da categoria. Recenseadores também se queixaram de fake news sobre a pesquisa em meio à corrida eleitoral de 2022.

O Censo costuma ser realizado de dez em dez anos. A nova edição estava prevista para 2020, mas foi adiada para 2021 em razão das restrições da pandemia.

Em 2021, houve novo adiamento, dessa vez motivado pelo corte de verba no governo Jair Bolsonaro (PL). Assim, a contagem ficou para 2022. O orçamento para a pesquisa só foi liberado após o STF (Supremo Tribunal Federal) ser acionado.


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