O cônsul-geral de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, negou, nesta quarta-feira (1ª), haver um genocídio contra o povo palestino. Para ele, as críticas feitas pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, Gustavo Petro, da Colômbia, e Gabriel Boric, do Chile, que condenaram as ações militares israelenses que estariam atingindo também civis palestinos, mostram que os presidentes desses países estão “mal informados” sobre o que, de fato, está ocorrendo na região. 

“Qual a fonte que os presidentes da América Latina têm sobre essa informação? Eu mostrei aqui, claramente, que quem controla a informação que sai de Gaza [é o Hamas]”, disse ele. “Eles estão mal informados sobre o que está acontecendo”, completou, durante entrevista coletiva promovida pelo Consulado Geral de Israel, a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e a StandWithUs Brasil. 

Nesta semana, o presidente Lula disse que a guerra no Oriente Médio é um genocídio. Ontem, o presidente do Chile, Gabriel Boric, escreveu em suas redes sociais que chamou de volta o embaixador de seu país em Israel “ante as inaceitáveis violações do Direito Internacional Humanitário que Israel cometeu na Faixa de Gaza”.O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também anunciou a convocação da embaixadora colombiana em Israel, Margarita Manjarrez. 

São Paulo SP 01/11/2023, André Lajst - cientista político e presidente-executivo da StandWithUs Brasil, durante entrevista coletiva. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Na coletiva, o cientista político e presidente-executivo da StandWithUs Brasil, André Lajst, também ressaltou que não se pode falar em genocídio sendo praticado por Israel. “Genocídio significa tribo de morte ou a destruição total e parcial por motivos étnicos-religiosos. Israel tem dois milhões de árabes e parte desses árabes serve ao Exército. E parte deles estão lutando contra o Hamas. Se tem árabes/mulçumanos lutando contra árabes/mulçumanos não é genocídio”, falou.

Críticas à imprensa

Durante a entrevista, o cônsul-geral também criticou o tratamento da imprensa brasileira sobre a guerra, destacando que a informação que chega à imprensa “está controlada pelo Hamas”. 

“A informação que está saindo de Gaza é distorcida. Por que estão publicando que há 8 mil civis mortos em Gaza? Estou dizendo com 100% de segurança que Israel está atacando o Hamas. Israel está chamando todos os civis para saírem da zona de conflito e de guerra. Israel está dando condições para eles receberem ajuda humanitária. O objetivo [de Israel] é o Hamas”, falou o cônsul.

Informações da ONU

Segundo as Nações Unidas, mais de 8,3 mil pessoas já foram mortas na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro. Entre elas estariam 3,4 mil crianças. Já em Israel foram 1,4 mil mortes. A Organização das Nações Unidas (ONU) ressalta que estes números são passados pelo Ministério da Saúde Palestino e pelo governo israelense.

Em constante contato com a reportagem da Agência Brasil, o palestino-brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, tem mostrado sua rotina na Faixa de Gaza, enquanto espera autorização para, junto com outros brasileiros, deixar a região e embarcar no Egito rumo ao Brasil. No início desta semana, um prédio ao lado de onde ele estava abrigado foi atingido pelo exército israelense. Há cerca de duas semanas, parentes seus foram mortos por um outro bombardeio de Israel.

"A notícia que recebemos é de que mais de 60 pessoas moravam nesse prédio. Muito triste, um cara cidadão do bem, trabalhador, não tem nada a ver com isso”, lamentou Rabee, na ocasião.  

A Agência Brasil procurou a Secretaria de Comunicação do governo federal, que informou que não vai se manifestar sobre as falas do cônsul.

Vídeo com imagens do Hamas

Antes da entrevista, foi apresentado um vídeo de cerca de 43 minutos com imagens dos ataques promovidos pelo Hamas no dia 7 de outubro. No vídeo, são apresentadas imagens feitas por câmeras de segurança, pelas vítimas e pelos próprios membros do Hamas de ataques a pessoas em carros, dentro de casa e também em uma festa de música eletrônica.

Os jornalistas foram impedidos de entrar com seus celulares ou câmeras durante a exibição dos vídeos. A proibição de reprodução dessas imagens acontece em respeito às famílias das vítimas e serve para “mostrar que houve atrocidades” que foram cometidas pelo Hamas.

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