SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nove dos 32 terminais de ônibus de São Paulo chegaram a ser fechados na manhã desta terça-feira (21), dia de votação da nova diretoria do SindMotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário e Urbano de São Paulo), afetando milhares de passageiros por falta ou atraso dos coletivos.

De acordo com a SPTrans, a operação está sendo normalizada gradativamente desde as 10h35, e por volta das 11h45 ainda havia dois terminais fechados: João Dias e Santo Amaro, ambos na zona sul. Campo Limpo, Capelinha, Mercado, Parque D. Pedro 2º, Pinheiros, Santana e Vila Nova Cachoeirinha já foram liberados, diz a empresa que gere o transporte por ônibus na capital.

Por causa da paralisação, o rodízio de veículos foi suspenso nesta terça.

Segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), 368 linhas e quase 530 mil usuários foram afetados.

Com os bloqueios, a prefeitura acionou as polícias Civil e Militar, além da GCM (Guarda Civil Metropolitana), e deslocou guinchos para remover os ônibus paralisados. Na manhã desta terça, advogados da SPTrans foram ao 1º DP (Sé) para registrar um boletim de ocorrência.

Nunes declarou ainda que, por volta das 12h30, Josilei de Godoy Vasco, apontado como um dos líderes da paralisação, foi preso pela GCM. O sindicalista nega.

De acordo com boletim de ocorrência, Vasco foi conduzido à delegacia para prestar um termo de declaração, após se intitular como responsável pela manifestação no Parque Dom Pedro, e liberado na sequência.

No depoimento, Vasco disse que esteve no Parque Dom Pedro após receber a convocação de um representante do sindicado e que, em nenhum momento, esvaziou pneus ou retirou chaves de ônibus.

"Eu fiquei responsável pela manifestação no terminal Dom Pedro 2º. Fiquei sabendo que alguns foram detidos por não apresentar documento. Mas eu entreguei e não teve nada de detenção ", disse Vasco. Ele é o cabeça da chapa 1, chamada Oposição e Luta. "As chapas 1, 2 e 3 estão unidas pedindo a urna eletrônica. Apenas a chapa 4, que estava interinamente na presidência, é que não apoiou a ideia. A gente quer um pleito legal e limpo. Só isso", afirmou Vasco.

As três chapas se uniram para fazer as paralisações nos terminais na manhã desta terça, exigindo que as eleições ocorram com urna eletrônica. O pleito começou à meia-noite desta terça e segue até o meio-dia de quarta-feira.

O prefeito disse que os articuladores da paralisação agem como uma organização criminosa.

"O transporte coletivo é um serviço essencial, mas fizeram este ato por causa de disputa de chapas. Essas pessoas agem como organização criminosa e somos vítimas desta turma", afirmou Nunes à reportagem.

Os manifestantes utilizaram ônibus articulados para bloquear as entradas e saídas dos terminais.

Pela manhã, no terminal Parque D. Pedro 2º, dos alto-falantes saía com frequência uma mensagem da SPTrans de que havia manifestação sindical e que a empresa "trabalhando para normalizar a operação". Ainda assim, muita gente não sabia o que ocorria.

"Eu vim para cá mais cedo, do Tatuapé [zona leste], para ir à praça da Sé [centro]. Mas os ônibus não estavam entrando. Tive de descer do ônibus lá em cima no viaduto e andar mais de dez minutos. Agora para ir embora pensei que já estava normalizado, mas não está. Vou ter de pegar Uber. É uma complicação, um gasto de dinheiro. Nem sei por que estão manifestando", diz a aposentada Sueli de Souza.

No terminal, o fluxo de ônibus começou a ser liberado às 11h25. Ainda havia, porém, excesso de passageiros e veículos no local.

No terminal Santo Amaro, um ônibus foi vandalizado e teve o para-brisa danificado por pedrada. A Polícia Militar foi chamada e acompanha a situação no local. Também houve relatos de coletivos com pneus furados.

A SPTrans afirma que o boletim de ocorrência seria registrado que sejam responsabilizados aqueles que impedem o acesso da população a terminais de ônibus na cidade de São Paulo nesta terça.

"A SPTrans está deslocando suas equipes de campo e os guinchos do sistema de transporte municipal para prestar apoio à operação dos terminais da cidade e solicitou auxílio do policiamento para atuar nestes locais", destacou.

Já a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirma que as forças de segurança seguem acompanhando os atos e atuarão "para garantir a segurança da população e preservar o direito de todos".

Em nota, o sindicato chama os manifestantes de "agitadores" e afirma que o "movimento fracassou", uma vez que a eleição para a renovação da diretoria "segue normalmente, sem intercorrências nos locais de votação".

"Se o intento dos 'agitadores' era prejudicar o processo eleitoral em andamento do Sindmotoristas, pode se afirmar que não deu certo, o movimento fracassou."

O sindicato diz ainda que "lamenta e repudia os incidentes de hoje no sistema" e "defende de forma categórica que a disputa aconteça democraticamente por meio do voto".

"Providências já estão sendo tomadas para que os atos de vandalismo sejam averiguados e passíveis de punições pelos órgãos competentes", finaliza.

Nas redes sociais, usuários se queixavam da falta de ônibus e das longas filas nos terminais.


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