SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Ministério Público do Acre instaurou um procedimento para apurar se houve crime de homicídio doloso (quando há intenção de matar) no caso da morte de uma enfermeira durante perseguição policial no Acre.

A investigação do MPAC ocorre independentemente da apuração anunciada pela Corregedoria da Polícia Militar e pela Polícia Civil. Géssica Melo de Oliveira, 32, morreu durante perseguição policial no município de Capixaba, a 75 quilômetros de Rio Branco, no sábado (2).

O promotor Vanderlei Batista Cerqueira solicitou que sejam enviadas "com urgência" cópias do auto de prisão em flagrante, do inquérito policial e do boletim de ocorrência. No domingo (3), o governo do Acre anunciou que os policiais militares envolvidos na ocorrência foram presos

Em nota, o órgão esclareceu que, ao instaurar o procedimento investigatório criminal, que deve durar inicialmente 90 dias, o objetivo é elucidar os fatos e apurar responsabilidades.

RELEMBRE O CASO

Géssica Melo de Oliveira foi baleada após furar um bloqueio policial, informou a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) do Acre. "Policiais militares do efetivo de Capixaba solicitaram apoio do Grupo Especial de Fronteiras para auxiliar na abordagem de um veículo que desobedeceu à ordem de parada", disse o governo, em nota.

A Sejusp disse ainda que a condutora do veículo fazia manobras perigosas em alta velocidade.

Os policiais alegaram que foi possível visualizar parte de um braço empunhando uma arma de fogo dentro do carro.

Em seguida, os agentes dispararam cinco tiros contra o veículo. Após uma curva, a condutora perdeu o controle do carro, saiu da pista de rolamento e bateu em uma cerca de arame.

A vítima foi socorrida pelos policiais para o Hospital-Geral de Senador Guiomard. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu.

A Sejusp disse ainda que, durante os trabalhos realizados pela perícia, foi coletada, nas imediações do carro da enfermeira, uma pistola 9mm.

FAMÍLIA CONTESTA VERSÃO DA POLÍCIA

José Nilson, irmão da vítima, contestou a versão apresentada pela polícia. Disse ainda que a irmã não tinha arma. "Essa informação de que teve troca de tiros é uma informação totalmente mentirosa, não tem fundamento nenhum, a minha irmã não tinha arma, a minha irmã era uma pessoa estudada, uma enfermeira formada", afirmou o servidor público em entrevista ao jornal A Gazeta do Acre.

Ele denunciou ainda que a cena do crime foi forjada. "Como é que a pessoa se aproveita de uma situação dessa e querer forjar, colocando uma arma na cena do crime? O cara fez isso porque viu o tamanho da m**** que ele fez, quando mataram a minha irmã. Ficaram atrás de arrumar alguma alternativa para tirar o deles de 'reta', só que não vão tirar, porque a justiça daqui da nossa terra pode ser falha, a de Deus não", declarou ao jornal local.

O irmão ressaltou que a irmã passava por problemas de saúde mental que, às vezes, ficava agitada. "Jamais esperávamos que a polícia chegasse a tirar a vida da minha irmã dessa forma. Ficaram negando, não deixaram nem a família chegar próximo do carro, só para a gente não ver o estrago que eles fizeram".

Géssica deixa três filhos menores de idade.

POLICIAIS FORAM PRESOS

O governo do Acre anunciou que os policiais envolvidos na ocorrência foram presos.

Eles serão investigados pela Corregedoria da Polícia Militar.

"O governo do Acre diante dos fatos envolvendo a morte de Géssica Melo de Oliveira durante abordagem e acompanhamento policial ocorrida no sábado, 2, vem a público informar que acompanha o caso, realizando o rigor necessário à situação, na busca por uma resposta a sociedade. Os policiais envolvidos na situação foram presos e serão investigados pela Corregedoria da Polícia Militar. Garantimos ainda uma investigação imparcial e célere, de modo que a sociedade tenha uma resposta o quanto antes. Diante do ocorrido, manifestamos a mais profunda solidariedade e respeito à família enlutada", afirmou o Governo do Acre, em nota.


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