SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao mesmo tempo que quase a totalidade (94%) dos brasileiros sentiu que sua cidade passou por alguma situação climática extrema nas últimas semanas, 40% da população acreditam que o bairro onde vivem não está preparado para esses eventos.
Para um quinto dos entrevistados (19%), o bairro deles está muito preparado para situações de calor extremo, tempestade, enchente ou seca extrema. Já para 37%, a região onde vivem está um pouco preparada para essas ocorrências.
Os dados são de pesquisa feita pelo Datafolha divulgada neste domingo (17), que tratou dos impactos observados e da percepção do brasileiro sobre as mudanças do clima causadas pelas atividades humanas.
O levantamento foi realizado presencialmente, com 2.004 pessoas de 16 anos ou mais em 135 municípios pelo Brasil, no dia 5 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com taxa de confiança de 95%.
Entre os eventos climáticos relatados, 89% disseram que sua cidade passou por calor extremo e 30%, por seca extrema nas últimas semanas.
Do outro lado do espectro meteorológico, 50% afirmaram que houve chuva intensa ou tempestade, e 31% que o município enfrentou enchente ou alagamento.
O ano de 2023, com temperaturas especialmente elevadas pelo fenômeno El Niño e pela crise climática, foi de extremos em todo o país. Só neste ano, o Brasil passou por nove ondas de calor.
Com a atmosfera mais quente, aumenta a concentração de energia no planeta, levando a eventos climáticos mais intensos.
Entre eles, logo nos primeiros meses, tempestades causaram deslizamentos no litoral de São Paulo, deixando um rastro de mortes e famílias desabrigadas. Semanas depois, foi a vez de o Acre sofrer com alagamentos. O nível do rio Acre, que corta a capital Rio Branco, foi o maior dos últimos oito anos.
Já no segundo semestre, o Amazonas sofreu com uma seca que levou rios aos níveis mais baixos da história, isolando comunidades, causando a morte de botos e trazendo problemas de abastecimento. No pantanal, a seca e as altas temperaturas pioraram o estrago das queimadas.
Simultaneamente à falta de água nessas regiões, o Rio Grande do Sul foi atingido por chuvas torrenciais por semanas, levando a enchentes em diferentes cidades.
Questionados quanto à própria moradia, o evento para o qual os participantes da pesquisa acham que suas casas estão pior preparadas é a seca extrema. O melhor nível de preparo dos lares, segundo os entrevistados, é para enchentes ou alagamentos.
A pesquisa também mostra que 85% dos brasileiros relatam ter ventilador em casa, e 24% têm ar-condicionado. Por outro lado, mais da metade da população (53%) está em uma vizinhança com poucas áreas verdes, e quase um terço (29%) habita uma casa feita com materiais que esquentam mais os cômodos. Além disso, em 26% dos lares brasileiros falta circulação de ar apropriada
O levantamento também indica que, em 20% dos lares, há alguém que precise de cuidados, como idosos ou doentes crônicos, e, em 12%, a casa é habitada por muitas pessoas e elas dividem quartos. Além disso, 15% convivem com a falta de água e 11% com cortes de energia no domicílio.
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