SÃO PAULO,. SP (FOLHAPRESS) - O músico e instrutor de zumba Diego Pereira Martins de Araújo, 38, é doador de sangue há 18 anos e de plaquetas há 15. Velho amigo da Fundação Pró-Sangue, ele também oferece sua música nos eventos para incentivar o ato.
Araújo vai à instituição uma vez por mês para doar plaquetas; de três a quatro vezes por ano, doa sangue.
"Até os 18 anos eu tinha pavor de agulha. Às vezes, lembrava do meu pai doando sangue. Quando fiz a primeira microtatuagem, perdi o medo e falei 'preciso doar sangue, posso estar salvando vidas'. Eu tinha na cabeça que poderia fazer algo pelo próximo, sem necessidade de ser alguém que eu conheça. Isso me motiva até hoje. Depois, me apaixonei pela possibilidade de doar plaquetas", conta o músico.
Doadores com o perfil e a disponibilidade de Diego são necessários aos bancos de sangue que, historicamente, precisam lidar com as baixas nos estoques nas festas de final de ano, férias e nos feriados.
Na Fundação Pró-Sangue não é diferente. Nesta época, por exemplo, a queda no número de doadores passa de 30%. Além do Hospital das Clínicas, a entidade abastece cerca de 80 serviços de saúde na cidade de São Paulo e região metropolitana, entre hospitais, prontos-socorros e clínicas de diálise. Raramente, há o envio de bolsas de sangue para outros locais do país.
"Todas as situações que a gente pensa 'oba, eu vou viajar! Oba, eu vou fazer algo fora de São Paulo!' o banco de sangue fica esquecido. E os pacientes não tiram férias. Continuamos tendo pacientes que precisam da transfusão porque faz parte do tratamento deles, como aqueles com doença falciforme, com talassemia, os oncológicos, além das cirurgias", afirma Carla Luana Dinardo, diretora de Relações Externas e Intercâmbios, e médica da Fundação Pró-Sangue.
Com a queda acentuada nas doações, as alternativas são pedir sangue a outros locais, estados ou cancelar cirurgias e transfusões programadas.
"Isso tudo tem um impacto muito grande nas pessoas. Imagina quem tem alguém da família que precisa operar, passar por algum procedimento e não vai poder porque o banco de sangue não tem reserva? São nessas situações que percebemos o efeito da falta", diz.
A Fundação Pró-Sangue iniciou o mês de dezembro com a redução de mais de 30% nas coletas de sangue.
"Chegamos a ter quantidade de sangue insuficiente para dois dias de funcionamento. É uma situação crítica. O cenário ideal é um estoque de banco de sangue em que eu consiga suprir todos os meus pacientes e uma quantidade suficiente para atendimento de 3 a 5 dias", relata a médica.
Os acidentes também impactam nos bancos de sangue. "Com a bebida, as festas e a multidão se reunindo, temos maior quantidade de pacientes que vão ser transfundidos porque têm trauma e isso é muito verdade, principalmente no Ano Novo, porque há consumo maior de bebida alcoólica e de drogas, mais aglomerações e mais acidentes", afirma Dinardo.
*Quais os requisitos para doar sangue?*
Estar em boas condições de saúde
Ter entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos --veja aqui os documentos necessários para menores de 18 anos; pais ou responsáveis devem preencher o formulário de autorização
Pesar no mínimo 50 kg
Estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas)
Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação)
Apresentar documento original com foto recente, que permita a identificação, emitido por órgão oficial.
*Onde doar?*
No site da Fundação Pró-Sangue, é possível acessar a lista de impedimentos temporários e definitivos, e os endereços dos hemocentros. O posto principal é o Clínicas. O endereço é avenida Doutor Enéas Carvalho de Aguiar, 155 - 1º andar - Cerqueira César. As doações devem ser agendadas através do site.
A Associação Beneficente de Coleta de Sangue (Colsan) também tem pontos de coleta. Saiba os locais aqui. A entidade também trabalha com doações agendadas. Informações aqui.
*Podemos doar sangue quantas vezes?*
O limite de doações por ano é de quatro vezes para homens (60 dias de intervalo entre as doações) e de três vezes para mulheres (90 dias de intervalo).
*Quanto é retirado em uma doação?*
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, um adulto possui cerca de 5 a 6 litros de sangue em seu corpo. A quantidade máxima retirada em uma doação é de 450 ml.
*Ministério da Saúde tem aplicativo para incentivar a doação de sangue*
O miniapp Hemovida é uma plataforma está integrada ao ConecteSUS que possibilita, entre outras funcionalidades, que o cidadão localize facilmente a rede saúde mais próxima e baixe a carteira do doador, onde consta o tipo sanguíneo e a data da última doação.
A plataforma também permite que o doador tenha um histórico de doações, convide amigos e familiares, compartilhe experiências nas redes sociais e incentive outras pessoas a se tornarem doadoras.
A ferramenta é gratuita e está disponível para download nas principais lojas de aplicativos.
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