SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Um policial militar de folga atirou e matou um homem durante uma discussão de trânsito em Ceilândia (DF) no último domingo, segundo a PM-DF (Polícia Militar do Distrito Federal).
O cabo Bruno Correa efetuou dois tiros contra o promotor de vendas Cledson de Caldas - um na cabeça e outro no braço.
O autor dos disparos alegou legítima defesa. O cabo da PM contou que estava com a esposa e amigos no carro e que, com medo das ameaças, decidiu reagir. O caso está sob investigação na 15ª Delegacia de Polícia.
A família de Cledson nega a versão. Ao UOL, o irmão da vítima, Cleber de Caldas, contestou a narrativa que o cabo da PM apresentou na delegacia.
"O cara deu um tiro pelas costas do meu irmão depois da discussão. Não acredito nessa versão do policial das ameaças, até porque ele (Cledson) não era violento. Ele era igual uma criança, brincalhão. Ele [o PM] estava despreparado. Eu não sei dizer quem chamou socorro, mas o cara não foi", disse Cleber Souza, irmão da vítima.
O cabo da PM não foi preso. Ele ligou para o 190 e se apresentou espontaneamente à 15ª DP, entregando a arma, segundo a PM-DF.
O cabo da PM narrou à polícia que, após se encontrar com Cledson num semáforo de uma avenida em Ceilândia, a vítima teria ido até seu carro e batido no vidro, o ameaçando de morte. O irmão da vítima mais uma vez contesta, ao dizer que, na discussão no semáforo, ambos saíram dos carros.
"Foi uma tragédia. O policial atirou no meu irmão, puxou para beira da pista e foi embora. Depois de meia hora, ele foi para delegacia. Eu acredito que ele deveria ter ligado para polícia para falar que meu irmão estava alterado antes de atirar, se aconteceu como ele falou", disse Cleber Souza.
Nas redes sociais, amigos e familiares de Cledson lamentaram a morte do promotor de vendas. Comentários narram que o homem, conhecido como Keké, era querido e que jamais agiria com violência. O velório aconteceu neste dia 1° em Taguatinga (DF).
DESENTENDIMENTO ANTERIOR
Os dois homens já haviam se desentendido em um estabelecimento comercial momentos antes da ocorrência, segundo a versão do PM apresentada à Polícia Civil. O cabo Correa comentou que Cledson estava alterado, importunando clientes e funcionários de uma lanchonete em que estava.
O PM havia sugerido que Cledson fosse embora. A vítima discutiu com o cabo Correa e, na sequência, foi embora. Momentos depois, o policial, sua esposa e os amigos também saíram num carro.
Os homens voltaram a se encontrar no semáforo. Na Avenida Hélio Prates, Cledson foi tirar satisfação com o PM e o cabo acabou atirando no homem, segundo a versão do atirador.
O irmão de Cledson também discorda sobre a discussão anterior à morte, na lanchonete.
"Referente a esse caso tem várias versões. Chegou até a mim a versão de que, inicialmente, ele tinha estacionado mal o carro na lanchonete. O cara foi falar com ele e começaram a discutir. Ele [Cledson] foi embora e o cara foi junto. Em um semáforo continuou a discussão", disse Cleber Souza, irmão da vítima.
O QUE DIZ A PM-DF
A PM-DF narrou o desentendimento e disse que o caso será investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da PMDF. Testemunhas serão ouvidas, e câmeras de segurança da região serão buscadas para apurar o que aconteceu.
"O homem levou a mão até a região da cintura, e o policial acreditou que ele sacaria uma arma de fogo e cumpriria sua ameaça. Temendo por sua vida, de sua esposa e amigos que estavam no carro, o policial agiu efetuando dois disparos, um dos quais atingiu o homem", disse nota da PM-DF.
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