SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O número de mortes no trânsito da cidade de São Paulo é o maior em oito anos, apontam dados do Infosiga, sistema de monitoramento de acidentes do governo estadual, disponibilizados nesta terça-feira (16).
Ao todo, 987 pessoas morreram nas ruas e avenidas da capital paulista em 2023. O número é o maior desde 2015, quando o trânsito paulistano matou 1.129 pessoas.
Isso significa dizer que, em média, diariamente mais de duas pessoas morrem no trânsito paulistano.
O número de vítimas que perderam a vida no ano passado é 7,6% maior que o de 2022, quando 917 pessoas morreram.
De acordo com o Ministério dos Transportes, a frota de veículos na capital cresceu 3,2% nos 11 primeiros meses de 2023 (dados mais recentes) ante o mesmo período do ano anterior, passando de 9,13 milhões para 9,43 milhões de veículos.
Em todo o estado, segundo o Detran (Departamento de Trânsito), houve queda de 1,5% no total de mortos, passando de 5.420 óbitos de janeiro a dezembro do ano passado, contra 5.500 óbitos no mesmo período de 2022.
Motociclistas foram as principais vítimas na cidade de São Paulo. Durante os 12 meses de 2023, 426 pessoas que estavam em motos acabaram mortas em sinistros de trânsito. A estatística representa 43% do total de óbitos.
O número de pessoas mortas em motos é pouco acima que o de 2022, quando ocorreram 424 registros.
Em seguida vêm pedestres, com 358 óbitos na capital paulista, e ocupantes de automóveis (121).
Jovens de 18 a 29 anos estão entre os que mais morrem. Por sexo, homens são responsáveis por 81,56% dos óbitos,
Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que vem implementando uma série de medidas para reduzir o número de sinistros, vítimas feridas e óbitos decorrentes da violência no trânsito, seguindo o Plano de Segurança Viária.
Entre as ações, a gestão Ricardo Nunes cita a implantação da faixa azul, via exclusiva para motocicletas no meio do trânsito ?são 89 km atualmente e a meta é chegar a 200 km até o fim de 2024.
A Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito também aponta a ampliação das frentes seguras, que separam as motos dos carros nos semáforos (mais de 300 implantadas em toda a cidade), a proibição de circulação de motos em trechos das pistas expressas das marginais Pinheiros e Tietê, cursos gratuitos dedicados a motociclistas e motofretistas, entre outras ações.
Em abril do ano passado, Nunes modificou pelo menos 27 propostas de seu plano de metas. Em uma dessas mudanças, a gestão municipal trocou o objetivo de "reduzir o índice de mortes no trânsito para 4,5 por 100 mil habitantes" para "realizar 18 ações para a redução do índice de mortes no trânsito".
Flávio Emir Adura, diretor-científico da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), afirma ter ficado decepcionado com as estatísticas da cidade de São Paulo divulgadas nesta terça-feira.
"Depois de tantos anos de crescimento nesses dados, começamos a reverter mortalidade e internações, e de repente, voltaram a crescer", afirma.
O aumento na frota de motocicletas, modal incentivado pelo crescimento das entregas, não é suficiente para justificar a alta de mortes de motociclistas, segundo ele.
Para o especialista, o comportamento dos condutores de motos também ajuda a inflar o total de mortos. "Muitas vezes pilotam em velocidade excessiva e fazem manobras arriscadas para o cumprimento dos horários de entrega", diz.
"E ainda estão sempre de olho em aplicativos de celular e na troca de mensagens em pleno trânsito", afirma o médico, que elogia a faixa azul.
O uso do celular também é apontado por Adura como responsável pela morte de pedestres, pois reduzem a atenção das pessoas.
O médico acredita que as estatísticas de vítimas voltarão a cair com rigor no cumprimento de legislação, investimento em engenharia de trânsito e, principalmente, em educação ?área na qual o município deveria investir, afirma. "Países desenvolvidos conseguem resultados melhores porque há mais educação."
Para coibir a morte de pedestres, a prefeitura cita ações como a implantação das áreas calmas, onde a velocidade máxima é de 30 km/h, e aumento do tempo de travessia para pedestres em mais de 1.000 cruzamentos dos principais corredores da cidade.
"Além disso existem as campanhas realizadas ao longo do ano, com destaque para a programação do Maio Amarelo e da Semana da Mobilidade. Há também as atividades realizadas com a rede de ensino. Em 2023, foram mais de 300 escolas e 60 mil participantes nas atividades e cursos", diz trecho da nota.
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