RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O subtenente da PM preso nesta quarta (7) por suspeita de envolvimento no homicídio da policial Vaneza Lobão, 31, receberia R$ 5.000 por semana (R$ 20 mil por mês) de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, apontado como líder da maior milícia do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Militar, a denúncia foi recebida em 2023 e causou a saída forçada do agente da corregedoria da corporação.
A transferência para outro batalhão fez Leonardo Vinício Affonso perder a gratificação que recebia e a suposta propina, de acordo com relatório obtido pela reportagem. Ao ser preso, Affonso negou envolvimento na morte da policial. Ele ainda não possuía advogado.
A determinação da saída da corregedoria foi realizada pelo coronel Elton Marques, que na época comandava a 8º DPJM (Delegacia de Polícia Judiciária Militar), unidade da corregedoria voltada para descobrir possíveis policiais envolvidos com milicianos e contravenção. Affonso era lotado nesta unidade, junto com Vaneza.
A denúncia passada para a Polícia Militar falava que Affonso, além de receber a suposta propina, operava um drone para a milícia e participava de reuniões do grupo. Como ele trabalhava na corregedoria, a Polícia Militar disse que ele poderia escolher a unidade para onde seria transferido enquanto a investigação fosse realizada. O agente optou pelo 27º BPM (Santa Cruz) ?área que é o berço da milícia de Zinho.
Procurada pela reportagem, a defesa de Zinho não respondeu. Em manifestações anteriores, sempre negou que o preso seja líder de milícia.
Pelo seu trabalho de enfrentamento à milícia na corregedoria, o coronel Elton foi escolhido para assumir o comando do 27º BPM. E ele chamou Affonso para ser seu motorista. O coronel foi indagado pela reportagem a respeito da escolha do subordinado para a função, mas disse que não iria comentar.
Segundo a Polícia Civil, Affonso fez 35 consultas no sistema interno da polícia sobre a placa do veículo de Vaneza, no período de 11 de abril a 29 de novembro de 2022. O objetivo seria, segundo a polícia, tentar descobrir o endereço da vítima, morta um ano depois.
A primeira consulta ocorre dez dias após a policial entrar na corregedoria e teria sido feita, ainda segundo a investigação, após Vaneza ser apresentada como uma especialista na milícia de Zinho.
Sempre de acordo com as investigações, as consultas às placas para saber sobre uma possível atualização no endereço passam a ser feitas pelo subtenente Wilson Sander Lima, também preso por suspeita no homicídio. Lima era lotado no 31º BPM (Barra da Tijuca), entrou na polícia na mesma época que Affonso e chegaram a trabalhar juntos.
Após ser preso, Lima teria afirmado aos investigadores que fez as consultas para verificar informações dos carros que ficavam estacionados no pátio da unidade. Vaneza fazia serviço extra na unidade em que ele trabalhava com essa função.
Vaneza, segundo a polícia, tinha confiança no coronel Elton e, mesmo após a saída do oficial da corregedoria, ela continuou a passar informações sobre a milícia de Zinho para o seu ex-comandante.
Para a polícia, ao trabalhar como motorista do comandante, o subtenente poderia ter presenciado conversas entre o coronel e Vaneza, o que poderia ter motivado a sua morte.
Duas semanas antes do seu assassinato, Vaneza comprou um novo carro e, nessa ocasião, colocou seu endereço verdadeiro na ficha de cadastro do veículo. A polícia acredita que foi por intermédio dessa informação que a policial foi localizada e morta.
Outra prova utilizada pela polícia é a munição do crime. A análise do vídeo mostra que o atirador utilizava um fuzil, mas a arma falha. Nesse momento, ele continua o ataque com a pistola que estava na cintura.
A munição da pistola pertencia ao 31º BPM, unidade em que Lima, um dos policias presos, trabalhava.
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